MISTÉRIO

Desaparecídos em Icaraíma: “Se ainda estiverem na região, nós vamos encontrá-los”, diz oficial da PM

Foto: OBemdito
Foto: OBemdito

Paraná - A força-tarefa que atua na busca pelos quatro homens desaparecidos em Icaraíma durante uma cobrança de dívida é a maior já realizada na região, nos últimos anos. Dezenas de policiais se revezam nas ações, incluindo equipes da Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Força Nacional.

Durante o fim de semana, as equipes estiveram empenhadas nas buscas e conseguiram colher novos indícios que devem auxiliar na investigação. Uma das equipes localizou munições de arma calibre 9 milímetros, que podem ter sido disparadas por pistola ou submetralhadora.

Além disso, foram identificadas cápsulas de outros calibres espalhadas pelo chão e marcas de tiros em galhos de árvores. Os indícios apontam que os quatro homens foram surpreendidos ainda dentro do veículo e executados a tiros por mais de uma pessoa. Em seguida, os corpos teriam sido retirados e levados para outro local.

Nos trabalhos chama a atenção o aparato tecnológico utilizado e a garra dos profissionais, que não têm hora para encerrar a jornada. Em entrevista aos jornalistas no final da tarde de ontem (14), o tenente Guilherme Schneider, da Polícia Militar Ambiental, ressaltou em pelo menos duas vezes a disposição para encontrar as vítimas. “Se esses desaparecidos ainda estiverem na região, nós vamos encontrá-los. Não vamos parar”, declarou.

A localização da Fiat Toro

Schneider deu detalhes de como a equipe da Polícia Ambiental localizou o Fiat Toro dos cobradores, na última sexta-feira. A descoberta faz parte de um trabalho contínuo, mas que agora alça a um novo rumo, devido à quantidade de novas evidências encontradas. 

Foram muitas horas de caminhada pela mata, em área de difícil acesso, algo realmente difícil”, afirmou o tenente. Reforçando o espírito de equipe, ele destacou a experiência do cabo Cleverson, morador da região, cujo conhecimento da área foi fundamental para o sucesso da etapa. Schneider também citou o esforço de um policial que optou por trabalhar mesmo em dia de folga.

Carta anônima

De acordo com o tenente, a carta anônima enviada ao pai de uma das vítimas só chegou ao conhecimento da Polícia Ambiental depois da localização do veículo. “Nós estávamos a campo, fazendo buscas. Com base na nossa experiência, notamos a existência de um bunker e começamos a cavar, até chegar ao veículo”.

A companhia da Polícia Ambiental em Umuarama tem acumulado resultados expressivos. Recentemente, no dia 24 de agosto, um domingo, a Polícia Militar Ambiental apreendeu mais de uma tonelada de maconha na região de Icaraíma. A droga estava escondida em uma ilha, dentro de um bunker.

Contribuição da comunidade com a força-tarefa

O delegado da Polícia Civil em Icaraíma, Thiago Andrade Inácio, enalteceu o apoio da população nas buscas às vítimas. Segundo ele, a polícia tem recebido diversas denúncias anônimas. “Sempre analisamos a procedência dessas informações e, havendo coerência com a linha de investigação, diligências mais aprofundadas são realizadas”, explicou.

Cães farejadores

Corpo de Bombeiros mantém uma equipe numerosa nas buscas. O tenente Marçal, da 2ª Companhia Independente de Bombeiros Militares, afirmou que os dois cães farejadores enviados de Curitiba não irão a campo nesta segunda-feira (15), em razão do grande esforço físico nos últimos dois dias.

Treinados para a localização de corpos, os animais enfrentam uma dificuldade adicional: com o passar do tempo, o odor de corpos em decomposição sofre alterações, o que pode comprometer a eficácia do faro.

O crime em Icaraíma

O desaparecimento em Icaraíma completa mais de 40 dias e envolve quatro homens: os cobradores Diego Henrique AfonsoRafael Juliano Marascalchi e Robishley Hirnani de Oliveira, além do produtor rural Alencar Gonçalves de Souza, morador do município.

Eles foram vistos pela última vez no dia 5 de agosto de 2025, quando saíram para cobrar uma dívida da família Buscariollo. O último contato com familiares ocorreu ainda pela manhã daquele dia, quando disseram que “estava tudo bem”. Desde então, não houve mais notícias.

As investigações apontam como principais suspeitos o produtor rural Antonio Buscariollo e seu filho Paulo Ricardo Buscariollo, considerados foragidos. Eles seriam os responsáveis pelos desaparecimentos, ocorrido após a cobrança de dívidas relacionadas a terras na região. 

As buscas já resultaram na localização da Fiat Toro branca usada pelas vítimas, encontrada enterrada em um bunker, e de outras estruturas subterrâneas ligadas ao crime organizado que atua na fronteira.

As informações são do OBemdito