Cascavel – A ordem para a execução do agente penitenciário federal Alex Belarmino, no dia 2 de setembro, partiu de dentro da Penitenciária Federal de Catanduvas. A informação foi confirmada pelo delegado-chefe da Polícia Federal de Cascavel, Celso Mochi, em entrevista coletiva concedida na manhã de ontem.
Após quase três meses a PF concluiu o inquérito sobre a morte do servidor, assassinado na Rua Terra Roxa, próximo ao Lago Municipal, no momento em que partia de Cascavel para Catanduvas. Alex estava em uma viatura descaracterizada do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) e foi atingido com 18 disparos de calibre 9mm.
Segundo Mochi, a execução do agente foi uma ordem do PCC (Primeiro Comando da Capital) em represália a supostas opressões sofridas por membros da organização criminosa em penitenciárias federais. O mandante do crime seria um dos líderes da facção, Roberto Soriano, preso pela morte de seis policiais militares de São Paulo.
Estas opressões nada mais são do que o simples cumprimento das leis de execução penal, ou seja, não permitir o ingresso de drogas e celulares. Então, a motivação foi essa: a tentativa de impor o temor aos agentes para obter esses favores, o que, obviamente, não vai acontecer, explicou o delegado.
Durante as investigações foram identificadas 15 pessoas com envolvimento na morte de Alex Belarmino, das quais 12 já estão presas. Seguem foragidos três implicados, justamente os que seriam os autores dos disparos que vitimaram o servidor. Dentre os detidos está o responsável por repassar a ordem de execução aos demais integrantes da organização criminosa.
Todos os detidos foram incluídos no sistema penitenciário federal. Alguns deles estão custodiados em Catanduvas e outros já foram transferidos para Porto Velho, em Rondônia. Ainda há a previsão de novas transferências, afirmou o diretor da Penitenciária Federal de Catanduvas, Marcelo Stona.
Resposta à altura
Celso Mochi destacou a integração das forças de segurança pública de Cascavel e região e agradeceu o apoio prestado pelas polícias Civil e Militar do Paraná, além da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e do Depen (Departamento Penitenciário Federal). O importante é ressaltar que a resposta a esta agressão ao Estado, ao sistema penitenciário nacional e à sociedade foi dada. Todos os envolvidos foram identificados, devidamente indiciados e agora estão sujeitos à lei, finalizou o delegado.
PCC montou verdadeira operação de guerra
As investigações sobre a morte do agente penitenciário Alex Belarmino apontaram que ele foi executado pelo simples fato de ser servidor federal. Devido a isso, o delegado Celso Mochi afirmou que a vítima da organização poderia ter sido qualquer servidor da Penitenciária de Catanduvas.
A Polícia Federal apurou ainda que o crime foi planejado por cerca de três meses e o PCC montou uma verdadeira operação de guerra para perpetrá-lo. Para isso, os implicados alugaram uma casa na Rua Catanduvas para monitorar os agentes do presídio. Em uma infeliz coincidência, Alex Belarmino locou um imóvel ao lado da residência ocupada pelos faccionados. Ele estava em Cascavel há cerca de uma semana para ministrar um curso.
A partir da ordem de executar um agente penitenciário federal, os suspeitos começaram a planejar meios de como cometer o crime. Eles passaram a levantar identidade e endereço de agentes. Coincidentemente, o agente se hospedou em uma casa próxima, fazendo com que eles mudassem todo o planejamento, explicou Mochi.
Ainda segundo o delegado, a ordem para a execução foi dada por Roberto Soriano ao mensageiro durante uma visita. Mochi ressaltou que o porta-voz já foi identificado e preso, mas não revelou se é um advogado ou um familiar do criminoso.