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Shakur Stevenson, o novo menino prodígio do boxe americano

Ele é a maior esperança americana de medalha de ouro no boxe masculino. Nos Estados Unidos, é apontado como novo Floyd Mayweather, o supercampeão dos médios ligeiros (até 69kg). Mas lida com isso com a tranquilidade de um jovem que posta um vídeo no snapchat ou em suas outras redes sociais. Com apenas 19 anos e muita confiança no seu talento, Shakur Stevenson tem tudo para se transformar no herói perfeito digno de um Oscar nos Jogos Olímpicos. Falta apenas o ouro, que ele garante que conquistará no Rio de Janeiro.

– Não estou aqui para a prata ou o bronze. Estou aqui para apenas uma coisa. E eu posso ganhar o ouro – disse Shakur, empolgado com a sua primeira experiência olímpica.

A história de Shakur é semelhante a de muittos boxeadores cujas histórias já foram retratadas no cinema. Mais velho de uma família humilde de nove irmãos de Newark, em Nova Jersey, o menino começou a lutar com cinco anos por influência do avô, Wali Moses.

Desde cedo, ele tenta seguir os passos dos seus ídolos. André Ward, o último americano a conquistar um ouro no boxe, em Atenas-2004, e Maywweather. Campeão mundial juvenil em 2013 e júnior em 2014, Shakur ainda conquistou o ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude, em 2014. Ele foi o primeiro americano a conseguir os três títulos em sequência. Seria ele uma nova versão do supercampeão Mayweather?

– Não sei o que isso pode significar (a comparação com Mayweather), mas acho que sou o próximo Shakur Stevenson. Quero ser a versão de mim mesmo e não de ninguém – afirmou.

Com um início de carreira tão impactante, o jovem passou a ter seus passos seguidos de perto pelos especialistas em boxe. E chega nos Jogos Olímpicos como candidato a estrela. Sua categoria, a peso pena (até 56kg) não tem um americano como campeão desde Kennedy McKynney, em Seul-1988.

-Estou confiante – afirmou Shakur, que ouviu dos treinadores um pedido para ficar focado na competição.

– Não ficar de olho no Snapchat, no Instagram. Ficar focado em lutar e no torneio – disse o lutador, arrancando risadas na coletiva de imprensa da equipe americana.

CROWDFUNDING PARA TRAZER A FAMÍLIA

De perto, Shakur parece um garoto que não sente nenhuma pressão por ser campeão. Pelo contrário, até gosta disso. E fala com naturalidade que está no Rio de Janeiro para ser campeão. Na coletiva da equipe americana, só a campeã olímpica Claressa Shields se igualava a ele em carisma.

Com uma faixa na cabeça nas cores da bandeira americana, Shakur falava com orgulho da cidade natal e da sua numerosa família.

– Eles me ajudaram muito, me tornaram quem eu sou. Meus irmãos, minhas irmãs, me ajudaram a me colocar na posição em que estou agora.

E parte da família estará representada nas arquibancadas do Riocentro. Meses antes dos Jogos, Shakur iniciou um crowdfunding para arrecadar US$ 10 mil para trazer a família para o Rio de Janeiro vê-lo lutar. Quase US$ 9 mil foram arrecadados, o que possibilitará ao lutador trazer três familiares. Entre eles o avó e a mãe, Malikah Stevenson. Todos chegam no dia 9.

Malikah, aliás, é a responsável pelo nome do boxeador, inspirado no rapper Tupac Shakur.

– Minha mãe gostava dele e me deu esse nome – disse o atleta, garantindo também ser fã do rapper assassinado em 1996, quando ia para Las Vegas assistir a uma luta de Mike Tyson.

Além de seus dois maiores ídolos, Shakur disse gostar de ver na internet vídeos de grandes nomes do boxe como Sugar Ray Robinson, Sugar Ray Leonard e Muhammad Ali, lenda do esporte que faleceu neste ano.

Ele também já estudou seus principais adverários no Rio, o irlandês Michael Conlan e o cubano Robeisy Ramirez.

– E certamente eles me assistiram lutar – garantiu.