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Yane Marques será a porta-bandeira do Brasil na Olimpíada

yane.jpgNascida no sertão pernambucano, Yane Marques, de 32 anos, é tímida, mas não se deixa intimidar. Seja numa competição com as melhores do mundo no pentatlo moderno como numa apresentação de patrocínio com presidente e alta diretoria de uma estatal brasileira. Ela não se ofusca nem deixa de lado a simplicidade e o forte sotaque que são típicos dos moradores de Afogados da Ingazeira, sua cidade. No Rio-2016, ela já havia recebido a dura missão de ser um dos principais rostos da delegação brasileira. Agora, a medalhista de bronze em Londres-2012 terá a responsabilidade de ser a porta-bandeira do país na cerimônia de abertura, na próxima sexta-feira.

Yane será a segunda mulher brasileira a conduzir a bandeira. A primeira foi a ex-jogadora de vôlei de praia Sandra Pires, em Sydney-2000. A escolha de Yane foi conhecida após enquete popular. Neste domingo, o Fantástico, da TV Globo, revelou que a pentatleta venceu com 10% dos votos de vantagem sobre o jogador de vôlei Serginho, ouro em Atenas-2004 e prata em Pequim-2008 e Londres-2012, e o iatista Robert Scheidt, ouro em Atlanta-1996 e Atenas-2004, prata em Sydney-2000 e Pequim-2008 e bronze em Londres-2012.

– Estou transbordando de alegria – comemorou Yane em entrevista no Fantástico, logo após ser anunciado o resultado por Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), e por Bernard Rajzman, chefe da delegação brasileira nos Jogos. – Quero ser uma porta-bandeira muito feliz e representar muito bem a nação brasileira – disse.

Os três candidatos tinham sido escolhidos pela Diretoria Executiva do Comitê Olímpico do Brasil (COB) por um critério: ser medalhista olímpico e não competir no dia seguinte à abertura dos Jogos. A judoca Sarah Menezes, o ginasta Arthur Zanetti e as jogadoras da seleção feminina de vôlei, também votadas pela diretoria, ficaram fora da enquete popular porque competem na dia 6 e não participarão da festa no Maracanã.

Dos três candidatos, Yane já chamava a atenção pelo fato de não ter o ouro em Olimpíada ? desde Barcelona-1992, o COB adotou o critério de escolher apenas campeões olímpicos para a função. No entanto, é de se levar em conta que a destemida Yane colocou o Brasil no mapa de um esporte em que o país não tem tradição. Scheidt e Serginho, no entanto, perseguiram, com muito sucesso, caminho de vitórias de gerações anteriores.

YANE NÃO PLANEJAVA ESTAR NA ABERTURA

A honraria mexeu com os planos de Yane, que não pretendia participar da abertura. Segundo o treinador Alexandre França, inicialmente, ela ficaria treinando em Curitiba até o próximo dia 14. Sua competição só começa no dia 18. É que ele prefere deixar a pentatleta isolada nessa semana que antecede os Jogos.

Yane chegou a comentar que tinha esperança de ganhar mas que achava a concorrência muito dura. Citou Serginho como o grande adversário já que Scheidt foi porta-bandeira em Pequim-2008. Sua escolha, no entanto, não surpreendeu uma de suas antigas rivais:

? Yane é sempre muito educada, simpática, uma excelente competidora. Acho justo ela conduzir a bandeira ? disse a egípcia Aya Medany, que competiu contra Yane em Londres-2012.

OLIMPÍADAS ANTERIORES

Relembre alguns atletas que representaram o Brasil na cerimônia de abertura:

Sidney 2000: Sandra Pires

jaqueline_e_sandra_-_fivb.jpgPrimeira brasileira a conquistar uma medalha de ouro no vôlei de praia em Jogos Olímpicos, em Atlanta, 1996, ao lado de Jacqueline Silva, Sandra Pires foi a escolhida para carregar a bandeira brasileira em Sidney. Neste mesmo ano, a atleta ficou com a medalha de bronze, jogando ao lado de Adriana Samuel. Em 2014, entrou para o Hall da Fama do voleibol.

Atenas 2004: Torben Grael

torben grael_acervo cob.jpgTorben Grael é um dos principais iatistas brasileiros, sendo o brasileiro e o iatista com o maior número de medalhas olímpicas. Grael colecionou cinco medalhas olímpicas, o maior total de um brasileiro, sendo quatro na classe star, ouro em Atenas (2004) e Atlanta (1996), bronze nos Jogos de 1988 em Seul e em Sydney (2000) e uma prata na classe Soling, em Los Angeles (1984).

Pequim 2008: Robert Scheidt

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Scheidt já foi porta-bandeira em Pequim-2008, porém, como o COB não tem uma regra com relação a isso, ele poderia repetir o feito neste ano.

Londres 2012: Rodrigo Pessoa

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Ouro em Atenas-2004 e bronze em Atlanta e Sydney, Rodrigo Pessoa, do hipismo, foi o último atleta a carregar a bandeira numa cerimônia de abertura.