Na véspera da cerimônia de abertura dos Jogos, o Comitê Olímpico Internacional (COI) enfim anunciou a decisão definitiva sobre a participação dos atletas russos na competição. O comitê informou que 271 atletas passaram pelos três filtros estipulados – a aprovação, nome a nome, da federação internacional de cada esporte, de um perito do CAS e de uma comissão especial do próprio COI – e estão liberados para disputar as provas no Rio.
A delegação total da Rússia era de 389 atletas, então 118 foram vetados. Algumas federações internacionais, como as de atletismo e de levatamento de peso, em que a Rússia é forte, já haviam decretado punição ao país, então os nomes destes atletas nem chegou a passar pelo último crivo do COI.
Há três semanas, a divulgação das primeiras conclusões da investigação liderada pelo professor Richard McLaren (escalado pela Agência Mundial Antidoping (Wada) para desvendar o escândalo do doping apoiado pelo governo russo) demonstrou que o esquema de doping no país chegou a atingir 30 modalidades esportivas nos últimos quatro anos. O relatório McLaren recomendava ao COI o banimento de toda a delegação russa.
Depois de optar por não seguir a recomendação da Wada, o COI passou às federações internacionais de cada esportes a palavra final sobre a liberação ou não de cada atleta da Rússia. Diante da repercussão negativa, a entidade voltou atrás e decidiu, semana passada, que, além do aval das federações, cada nome teria de ser aprovado pela Corte Arbitral do Esporte (CAS) e por uma comissão de três membros do próprio COI.
Horas antes da divulgação da lista dos liberados, o presidente Thomas Bach comentou mais uma vez as críticas por uma supostas falta de firmeza da entidade no combate ao doping ao não deferir o banimento total da Rússia.
– É um assunto delicado. A divulgação do relatório a tão pouco tempo dos Jogos tornou tudo mais difícil. Nós não poderíamos privar os atletas do direito de defesa. Há bons argumentos de um lado ou de outro (banir ou não toda a delegação russa), nunca teremos 100% de concordância num caso como esse. O COI ponderou tudo que deveria e tomou a decisão que creio ser a mais justa – disse Bach. – Houve critérios iniciais que excluíam alguns atletas, e depois houve três filtros, das federações, de um perito do CAS e da comissão do COI.