Esportes

Com remadoras rosa, Meninos do Lago amplia projeto de paracanoagem e será ainda mais inclusivo em 2021

Objetivo é fazer do maior campeão de canoagem slalom do País referência no uso do esporte para reabilitação de pessoas com deficiência (PCDs)

Com remadoras rosa, Meninos do Lago amplia projeto de paracanoagem e será ainda mais inclusivo em 2021

O Projeto Meninos do Lago, considerado um dos maiores programas de canoagem slalom do mundo, terá um foco mais inclusivo em 2021, com a ampliação do número de vagas para paratletas. Uma cerimônia na manhã desta quarta-feira (28), no Canal da Piracema, na usina de Itaipu, marcou esta nova fase do projeto, com a criação da equipe Flor de Lotus de “remadoras rosa” – que reúne mulheres que venceram ou estão em tratamento do câncer de mama e foram submetidas à mastectomia (retirada das mamas).

O projeto é mantido pela margem brasileira da Itaipu, em parceria com o Instituto Meninos do Lago (Imel), a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) e a Federação Paranaense de Canoagem (Fepacan).

“É um privilégio para a Itaipu poder participar da criação desta equipe feminina de canoagem e investir na saúde das pessoas e no bem-estar de toda a comunidade”, afirmou o diretor de Coordenação da Itaipu, general Luiz Felipe Carbonell, que representou a empresa na solenidade ao lado do diretor administrativo, almirante Paulo Roberto da Silva Xavier. “Desde o início, a modalidade se mostrou inserida nas características da empresa, ao envolver água e energia, além de trazer resultados expressivos nas competições”, concluiu Carbonell.

Desde 2019, o projeto já conta com uma equipe de 19 paracanoístas – a maioria é cadeirante e o esporte contribui para a qualidade de vida dessas pessoas, por meio da terapia e da promoção de uma atividade física. Com a chegada das 15 remadoras rosa, o projeto terá 34 paracanoístas, em 2020. A ideia, agora, é ampliar as vagas para outros PCDs (pessoas com deficiência), como pessoas autistas e portadores de síndrome de Down.

“Queremos abrir o leque da canoagem no Brasil, apostar ainda mais na paracanoagem e mostrar que o ‘barco é democrático’ e que todos podem entrar nele”, ilustrou o coordenador do Projeto Meninos do Lago, Argos Rodrigues Argos. Segundo ele, o programa Canoagem para Todos, da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), utiliza o esporte para reabilitação e inclusão de pessoas com deficiência física e intelectual. O objetivo é ter equipes de paracanoagem em todos os estados do País.

A solenidade faz parte das comemorações do Outubro Rosa que ilumina alguns prédios da usina de Itaipu, como é o caso do Centro Executivo. A preocupação com a prevenção da saúde é um tema tratado com muita atenção e carinho pela gestão do general Joaquim Silva e Luna, diretor-geral brasileiro de Itaipu.  A usina tem feito grandes investimentos no setor. “Essa é uma pauta permanente da margem brasileira que não mede esforços em abrir várias frentes pra tratar com respeito nossa gente”, afirmou Silva e Luna.

Durante a solenidade, foi exibida uma mensagem em vídeo da atleta Ana Sátila, que participa das etapas do Mundial de Canoagem Slalom, na França. A atleta falou do orgulho de começar seus treinos, aos 14 anos, no Imel e, hoje, representar o País em competições no exterior. “Espero, em breve, estar aí com vocês para remarmos juntas”, disse.

Remadoras rosa

A equipe Flor de Lotus, de Foz do Iguaçu, será a 11ª de remadoras rosa no País. Elas participam da categoria dragon boat (barco-dragão), uma longa canoa, de origem chinesa, em que os compassos das remadas são ditados por um tambor. Existem 236 equipes de remadoras rosas em 29 países e mais de 2 mil atletas. A modalidade surgiu em 1996, por iniciativa do médico canadense Donald MacKenzie, que sugeriu aplicar os exercícios da canoagem no tratamento de um tipo de câncer.

A criadora e capitã da equipe, Regyna de Castro Santos, de 61 anos, treinava desde 2015 no Lago Paranoá, em Brasília, quando se mudou para Foz do Iguaçu. Ela entrou em contato com o Projeto Meninos do Lago e com a ONG Flor de Lótus e sugeriu a criação da modalidade na cidade. “O surgimento desta equipe é um exemplo de que o câncer de mama não é uma sentença de morte. Sempre digo que os médicos salvaram as nossas vidas e a canoagem nos salva o espírito todos os dias”, disse.

Os treinamentos na água começarão em janeiro de 2021, com o uso dos barcos de rafting, crossboat (um barco mais largo) e a canoa havaiana, utilizada pela atual equipe de paracanoagem. A chegada do dragon boat está prevista para ainda no primeiro semestre do ano que vem. “Vamos fazer um treino mais técnico, com a adaptação ao meio aquático e aulas de natação, até que possamos começar a treinar com o barco”, explica o fisioterapeuta Luiz Augusto Mazine Santos, técnico das equipes de paracanoagem do Projeto Meninos do Lago.