Saúde

Covid-19: Sem previsão de volta, colégios particulares perdem contratos e alunos

Mesmo adotando conteúdo on-line, há registro de cancelamento de contratos nos berçários e na Educação Infantil, principalmente.

Covid-19: Sem previsão de volta, colégios particulares perdem contratos e alunos

Reportagem: Cláudia Neis

Cascavel – Com as aulas suspensas há 15 dias e sem qualquer previsão de retomada, colégios particulares começam a sentir os efeitos da crise. Mesmo adotando conteúdo on-line, há registro de cancelamento de contratos nos berçários e na Educação Infantil, principalmente.

A proprietária de uma escola em Cascavel, que pediu para não ser identificada, teve diversos contratos cancelados e precisou demitir profissionais. “No ensino fundamental, muitos pais têm me procurado para tratar da prorrogação do pagamento da mensalidade, uma vez que são autônomos e não têm receita neste momento. Mas, no berçário, os pais vêm cancelando os contratos apesar de a escola oferecer uma série de atividades para os pequenos por vídeo. De cada 20 alunos, cinco já cancelaram. Com isso, infelizmente eu precisei dispensar algumas funcionárias”.

Para manter os alunos, ela conta que a negociação com os pais para pagamento posterior das mensalidades está aberto, uma vez que as aulas, mesmo sendo administradas on-line, serão repostas posteriormente sem prejuízo ao aluno. “É um momento muito difícil para todos. Muitos não têm mesmo como pagar e não podemos exigir isso agora. Então negociamos um pagamento posterior, parcelamento maior… vamos vendo como podemos resolver cada caso sem que ninguém seja prejudicado”.

A bancária Elza Medina Piloneto tem duas filhas em uma escola privada e não cogita solicitar desconto, uma vez que acredita na união de esforço neste momento: “A escola vem disponibilizando o material para estudo em casa, mas é uma revisão. Sem dúvida, o conteúdo está sendo prejudicado, mas isso é compreensível devido ao momento que estamos vivendo, respeito o posicionamento da escola, e acho que os pais em parceria com a escola têm feito o melhor dentro do possível. Não cogitei pedir redução na mensalidade porque esse conteúdo vai ser reposto depois”.

Já a autônoma Juliane Andrade, que tem um bebê de dez meses, pediu o cancelamento do contrato diante da incerteza financeira: “Infelizmente, eu tive que cancelar. Entendo que a escola precisa manter os funcionários e tudo mais, mas, nesse momento, estou sem renda e sem previsão de voltar ao trabalho, então tenho cortado tudo o que posso, deixando o que tenho de reserva somente para alimentação e saúde, que agora é o que mais importa pra mim”.

Sindicato pede diálogo

O Sinepe (Sindicato das Escolas Particulares) do Paraná informa que presta toda orientação jurídica às instituições, mas que orienta pelo diálogo entre pais e escolas, pois é um momento de união. “A nossa orientação é para que os pais e as escolas dialoguem e encontrem uma solução juntos para o pagamento das mensalidades e a manutenção das matrículas, inclusive na educação infantil e no berçário. Temos que estar cientes de que é uma fase passageira e que, quando acabar, os alunos precisarão voltar à escola, é um direito deles, mas, para que a escola resista e esteja firme nesse retorno, é preciso empatia dos dois lados”, afirma a presidente do Sindicato, Esther Cristina Pereira.

Esther lembra que o cancelamento de contratos reflete diretamente nas demissões, uma vez que a folha de pagamento corresponde a 70% dos gastos das instituições. “Os cancelamentos levam a demissões dos profissionais, o que só torna a situação econômica ainda pior. E volto a repetir: quando esse período acabar, as famílias vão precisar das escolas e, principalmente, dos profissionais, por isso é preciso agir com cautela, empatia e diálogo, para que possamos atravessar essa situação da melhor forma”.

Ela ressalta ainda a importância da oferta de conteúdo on-line, inclusive para a educação infantil, para que os alunos continuem aprendendo nesse período.

As recomendações são as mesmas da Secretaria Nacional do Consumidor, que pede a negociação entre as partes a fim de evitar prejuízos e judicialização dos casos.

 Sem previsão

A Seed (Secretaria de Estado da Educação) informou que não há previsão de retorno das atividades e que “as escolas só serão reabertas quando a situação for considerada segura pelas autoridades sanitárias. A Seed está construindo uma solução EaD que deve ser lançada oficialmente nos próximos dias”.