Pessoas que sofreram traumas graves, como quedas, fraturas e acidentes, podem ter uma sequela comum no sistema vascular: a trombose. Segundo a cirurgiã vascular e angiologista Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, o termo se refere à condição na qual há o desenvolvimento de um “trombo”, um coágulo sanguíneo, nas veias das pernas e nas coxas. “Esse coágulo causa uma inflamação na parede do vaso e é chamado de Trombose Venosa Profunda (TVP). Quando esse trombo se solta e se desloca até o pulmão, ele é chamado de Embolia Pulmonar (EP) e em muitos casos é fatal”, explica a médica.
Essa situação, de acordo com a angiologista, pode acometer os pacientes que sofreram acidentes tanto por conta do impacto nos vasos sanguíneos quanto pelo alto risco do problema para pacientes hospitalizados, que passaram por cirurgias e que estão em longos períodos de imobilidade, por conta de uma deficiência na circulação sanguínea.
A médica conta que pacientes que sofreram fraturas de vértebras ou lesões de medula espinhal têm maior risco de desenvolver o problema, mas acidentes e fraturas nas pernas também são frequentemente ligados à trombose.
Alguns outros fatores aumentam o risco para o aparecimento desse quadro em pacientes clínicos e cirúrgicos: abortamento recorrente, acidente vascular cerebral, anticoncepcional hormonal, câncer, cateter venoso central, doença inflamatória intestinal, doença pulmonar obstrutiva crônica, idade maior que 55 anos, infecção, insuficiência arterial periférica, cardíaca ou respiratória, obesidade, internação em UTI, paralisia dos membros inferiores, quimioterapia, reposição hormonal, tabagismo, varizes, insuficiência venosa periférica, antecedente familiar de trombose e TEV prévio.
Geralmente, os coágulos se formam nas veias mais profundas dos membros inferiores. “Ao se desprenderem e impactarem um vaso pulmonar, pode ocorrer a embolia ou o tromboembolismo pulmonar. E isso pode ser fatal ou deixar sequelas como insuficiência venosa crônica”, diz a médica.
No caso de pacientes que sofreram traumas, é indicado o uso profilático de anticoagulantes. “Alguns sinais da trombose são: dores nas pernas, principalmente nas panturrilhas, pé e o tornozelo; sensação de queimação na região afetada; mudanças na cor da pele, que começa a ficar vermelha ou azul; ou inchaço”, diz a médica.
Maior risco
Mas a angiologista alerta: “É bom lembrar que esse não é um problema apenas de quem sofreu acidente e está hospitalizado. Como a panturrilha é o coração das pernas, a cada contração muscular bombeamos o sangue e ativamos a nossa circulação. Situações em que essa musculatura fica parada muito tempo podem causar uma retenção de líquido nas pernas, levando a inchaço, pernas pesadas, cansadas e aumentando a predisposição de desenvolver varizes e trombose venosa”.
Por esse motivo, para quem trabalha sentado ou fica durante muito tempo no sofá, o ideal é também introduzir alguns hábitos para ativar a circulação, como: realizar exercícios movimentando os pés a cada hora de trabalho sentado; levantar a cada hora e andar para movimentar um pouco as pernas; para alguns casos, usar meias de compressão para conforto e melhor rendimento.
Diagnóstico
O diagnóstico de trombose é feito por meio de exames de imagem e o tratamento é feito com anticoagulantes, levando em consideração o risco hemorrágico inerente a essa classe de medicamentos. “Ainda com relação aos sinais de uma embolia pulmonar, temos a falta inesperada de respiração, a respiração rápida, a dor no peito e a frequência cardíaca”, comenta a médica. “Sentindo qualquer um desses sinais, o médico deve ser chamado imediatamente”, finaliza a angiologista.