Curitiba – Pessoas que já tiveram dengue podem pegar covid-19, apresentar até mais sintomas e ter doenças do grupo de risco, mas a probabilidade de morrerem da infecção pelo novo coronavírus é menor do que para quem não teve dengue. Essa é a principal conclusão do estudo “Infecção prévia por dengue e mortalidade por Covid-19”, realizado na Universidade Federal do Rio Branco, no Acre, em conjunto com outras universidades, como a Universidade Federal do Paraná.
O estudo analisou 2.351 pacientes de covid-19, entre homens e mulheres por volta de 40 anos, e os acompanhou por 60 dias após o início dos sintomas. Metade do grupo havia tido dengue. Entre aqueles sem história prévia de dengue, 26 faleceram da covid-19, enquanto entre aqueles que já tiveram dengue o número foi menor: 12 faleceram.
O estudo foi publicado pela Sociedade Americana de Doenças Infecciosas, na Oxford University Press, no dia 29 de dezembro de 2020. Dele também participaram a Unicamp (Universidade de Campinas), a UFPR (Universidade Federal do Paraná) e a Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos.
Ciência e hipóteses
Segundo o médico cardiologista da Quanta Diagnóstico por Imagem, Dr. Miguel Morita, que participou do estudo pela UFPR, estudos científicos como esse são muito importantes tanto no avanço da produção de vacinas e medicamentos quanto para entender como o novo coronavírus funciona. Outros estudos, por exemplo, levantam a possibilidade de que a dengue possa induzir certo grau de proteção imunológica contra a infecção pelo novo coronavírus. Mas isso ainda não está comprovado. “Portanto, tudo o que diz respeito à proteção contra o vírus e à diminuição de sintomas graves e mortes é de muito interesse para os cientistas, médicos, pesquisadores”, afirma Morita. “Esse estudo, em particular, é muito importante para o Brasil, porque aqui ocorreram 70% de todos os casos de dengue nas Américas nas últimas três décadas.” Até lá, todos os cuidados para a não contaminação com nenhum desses vírus são imprescindíveis.