Não é apenas para tomar a segunda dose da vacina contra covid-19 que os brasileiros deixam de ir ao local de aplicação. Para que se tenha ideia, 85% das pessoas com diabetes no Brasil não têm conhecimento sobre o calendário de vacinação exclusivo para a população com esse tipo de comorbidade. O dado é resultado de uma pesquisa da ONG ADJ Diabetes Brasil realizada com 2.027 participantes entre 6 de novembro e 11 de dezembro de 2020, em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
O calendário de vacinação para diabéticos foi criado para ser um guia na imunização dos pacientes que, por terem o sistema imunológico mais vulnerável, podem desenvolver quadros mais graves das doenças. Entre as pessoas com diabetes tipo 2 que participaram da pesquisa, 47% afirmou não lembrar se o médico já tinha comentado sobre as vacinas em alguma consulta.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes no Paraná (SBD-PR), o médico endocrinologista André Vianna, a desinformação sobre a importância da imunização entre a população com diabetes do país é preocupante. “Entre os pacientes adultos, o cenário é mais grave. Não existem campanhas que incentivem a vacinação entre as pessoas com diabetes e essa é uma população que precisa de mais cuidados e atenção. Para as crianças e adolescentes que têm essa comorbidade, o caso muda um pouco para melhor, já que a maioria faz acompanhamento com pediatras que orientam a vacinação desde recém-nascidos”, afirma.
Dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde apontam que das 820 pessoas que morreram por gripe em 2019 e que tinham alguma comorbidade, 27,9% tinham diabetes. O imunizante contra a gripe (influenza) está entre as seis principais vacinas que compõem o calendário exclusivo para diabéticos, e deve ser tomada uma vez por ano.
“A vacina fortalece o sistema imunológico desses pacientes que já são mais vulneráveis por causa do diabetes. Não ter um calendário de vacinação específico para o diabetes pode fazer a pessoa negligenciar a aplicação das doses e, uma vez que contraída a doença, o paciente tem mais chances de desenvolver quadros graves”, explica o endocrinologista.
Vacinas recomendadas – Haemophilus influenzae tipo B, Hepatite B, Varicela, Pneumocócica e Herpes zóster também estão entre as vacinas recomendadas para a população que tem diabetes como comorbidade e devem ser aplicadas de acordo com a faixa etária de cada paciente.
Além da divulgação de informações e campanhas sobre a vacinação focada na população que tem diabetes, especialistas recomendam que essas pessoas tenham acompanhamento médico constante.
Para atender a esta necessidade, médicos como o endocrinologista André Vianna, trabalham com a opção de acompanhamento anual – incluindo visitas mensais – o que auxilia os pacientes a manterem uma periodicidade no tratamento, bem como em seus resultados.
“Os pacientes com diabetes precisam de acompanhamento regular para que qualquer alteração seja identificada logo no começo e devidamente tratada. Oferecer aos pacientes um plano anual de consultas é uma forma de humanizar o atendimento e manter os cuidados com a saúde e bem estar ao longo do ano”, finaliza Vianna.