Caracas – O líder opositor e autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, chegou ao país nessa segunda-feira (4) sob o risco de ser preso pelo regime chavista por desafiar uma proibição judicial. Ele foi recebido por dezenas de partidários e embaixadores no Aeroporto Internacional de Maiquetía. “Acabamos de passar pela imigração e seguiremos para onde está o nosso povo. Entramos como cidadãos livres, que ninguém nos diga o contrário”, escreveu ele no Twitter. “Seguimos nas ruas, seguimos mobilizados. Estamos aqui na Venezuela. Estamos aqui mais fortes”, declarou Guaidó, enquanto seus simpatizantes gritavam “Guaidó, Guaidó”.
Guaidó convocou a população para uma mobilização nacional. Vestidos de branco, com bandeiras da Venezuela, centenas de apoiadores se concentraram em uma praça do leste da capital. Ao chegar ao local, ele disse à população que “Maduro não pode deter este povo bravo que se mantém nas ruas”. “Apesar das ameaças e dos grupos armados (…), há medo? Não vai ser por meio de ameaças que vão nos deter”, afirmou o líder opositor.
O presidente interino convocou nova marcha para o sábado (9) com o objetivo de redobrar a pressão contra o governo de Nicolás Maduro. “No sábado continuamos nas ruas, toda a Venezuela volta às ruas. Não ficaremos nem um segundo tranquilos até conseguir a liberdade”, ressaltou.
Ele ainda fez um apelo ao Exército para “deter” os coletivos armados que participaram dos confrontos do dia 23 de fevereiro. “Exigimos justiça ante nosso povo. Ser cúmplice por omissão também é ser cúmplice. Chega de impunidade”, disse Guaidó.
“Vergonha alheia”
O comportamento de Juan Guaidó, autodeclarado presidente interino da Venezuela, será analisado pelos órgãos do governo de Nicolás Maduro. O anúncio foi feito ontem (4) pela vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez. Segundo ela, as ações de Guaidó serão avaliadas por instituições sólidas e sustentáveis. Contudo, ela não adiantou que medidas podem ser tomadas contra Guaidó.
“Seu comportamento e suas atividades serão cuidadosamente analisadas pelas instituições do Estado. Medidas apropriadas serão tomadas”, disse a vice-presidente referindo-se a Guaidó, lembrando que também serão analisadas suas ações nas visitas aos países vizinhos.
Para Delcy Rodríguez, Guaidó expôs negativamente a Venezuela: “Como venezuelana, tenho vergonha alheia por ver uma pessoa não se limitar ao ridículo nacional e seguir para o ridículo internacional”, disse.