Rio de Janeiro – Após 17 dias após do último aumento da gasolina e do diesel, reajustados em 28 de setembro, ontem (25), a Petrobras anunciou um novo “ajuste” de preços. A gasolina vai aumentar R$ 0,21 por litro, ou 7% em relação ao preço anterior, e o diesel, R$ 0,28 por litro, alta de 9,2%. O novo preço entra em vigor a partir de hoje (26) nas refinarias da Petrobras.
O preço médio de venda da gasolina A da Petrobras, para as distribuidoras, passará de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro. Já para o diesel A, o preço médio de venda da Petrobras, para as distribuidoras, passará de R$ 3,06 para R$ 3,34 por litro. Com isso, a gasolina acumula alta de 73% em 2021, e o diesel, de 65,3%. As altas devem ter reflexos direto nos preços do frete, pressionando ainda mais a inflação.
Ainda no domingo, o presidente Jair Bolsonaro reafirmou que não vai interferir na política de preços da Petrobras. Ele afirmou que é preciso pensar no que fazer com a estatal no futuro, pois a legislação deixa a companhia independente e cabe a ele apenas indicar o presidente. Em entrevista à rádio Caçula FM, de Mato Grosso do Sul, ontem, o presidente voltou a dizer que o aumento é uma “realidade” que “temos de enfrentar”. Apesar dos constantes aumentos do preço, Bolsonaro afirmou que a economia brasileira “está reagindo bem”. Ele afirmou que não é “o malvado”. “Não quero aumentar o preço de nada, mas não posso interferir no mercado.”
Preço médio
Para o consumidor final, o reajuste é diferente, pois reflete o lucro das distribuidoras e impostos. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, o preço médio da gasolina no país alcançou R$ 6,36 o litro na semana passada. Em algumas cidades, já passou de R$ 7.
Em Cascavel, em pesquisa pelo aplicativo Menor Preço, do Nota Paraná do Governo do Estado, nesta segunda-feira (25), a gasolina comum variou entre R$ 6,22 e R$ 6,77; já o etanol de R$ 4,92 a R$ 5,27. Já o diesel comum, pelo mesmo aplicativo, registrou variação de R$ 4,67 a R$ 4,99; o diesel S10 estava com preço entre R$ 4,65 e R$ 5,19 na Capital do Oeste.
Roberto Pellizzetti, diretor da regional Cascavel, do Sindicombustívei-PR, disse que padra o consumidor final o reajuste anunciado pela Petrobras representará de R$ 0,20 a R$ 0,30 no preço do litro da gasolina e diesel. “Anteriormente até era possível segurar o preço alguns dias e não repassar o reajuste de imediata para o consumidor. Mas, agora, isso não é mais possível”, disse o empresário. Segundo ele, primeiro foi o efeito da pandemia que provocou queda nas vendas e a retração do setor, agora o valor do dólar e o preço do petróleo deixam a situação ainda mais delicada. “Estou no ramo a 35 anos e nunca vi uma situação como esta”, lamentou.
DIRETOR REGIONAL – CASCAVEL: ROBERTO PELLIZZETTI
(Redação – Paulo Alexandre com Agências)
Melhor gasolina ou etanol?
E para bolso é melhor abastecer com etanol ou gasolina? Já é de conhecimento público que o
cálculo básico para se descobrir qual é mais vantajoso é simples. Basta dividir o preço do litro do etanol pelo da gasolina. Se o resultado for inferior a 0,7, o derivado da cana-de-açúcar oferece maior economia. Se for maior que 0,7, então, a gasolina é melhor.
Derli Rodrigues, mecânico e dono de oficina é cauteloso ao recomendar uso específico de combustíveis. Segundo ele, para empresas e trabalhadores que vivem na estrada e fazem altas quilometragens, a utilização do etanol “pode até compensar, no caso dos carros mais novos e que estão com todas as revisões e regulagens em dia”.
Entretanto, no comparativo entre os carros da grande maioria da população que utilizam os veículos no cotidiano das cidades, percebe-se que a gasolina contribui para maior durabilidade dos motores. “Carros que utilizam gasolina têm desempenho melhor e o desgaste do motor acaba sendo bem menor”, destaca, observando que nos motores que utilizam etanol “o desgaste das peças é mais rápido, além do consumo na cidade ser bem maior”, completou o mecânico.
Reajuste no diesel preocupa transporte no Oeste
De acordo com o presidente do Sintropar (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Oeste do Paraná), Antonio Ruyz, o diesel é parte vital para as atividades das transportadoras, sendo responsável por cerca de 50% do faturamento das operações.
“Como [o diesel] é o nosso principal elemento de trabalho hoje, qualquer aumento impacta imediatamente os transportadores paranaenses, porque é preciso abastecer diariamente os caminhões. Os custos operacionais estão elevadíssimos e seguem subindo, de modo que ele acaba se tornando um grande vilão dentro do segmento”, explica Ruyz.
Um levantamento realizado pela CNU (Confederação Nacional do Transporte) apontou que mais de 60% de tudo o que é transportado no Brasil passa pelo modal rodoviário e, por isso mesmo, o segmento deve se manter atento e buscar novas soluções. “Até o momento, a elevação no preço do diesel ainda não comprometeu o escoamento. No entanto, o transportador hoje não consegue mais absorver todos esses aumentos que vêm ocorrendo na cadeia de transporte, seja no óleo diesel, na mão de obra, nos pneus ou na manutenção, o que nos leva a buscar novas alternativas”, aponta.