
Em um comunicado, Pequim adverte que não vai tolerar que se fale de independência dentro e fora do Conselho Legislativo. A agência estatal Xinhua acusa alguns candidatos de utilizarem a votação como plataforma para promover abertamente a independência, , o que é contrário às Constituições da China e de Hong Kong.
“Nos opomos com veemência a qualquer atividade que faça referência à independência de Hong Kong sob qualquer forma, dentro ou fora do Conselho Legislativo, e damos nosso firme apoio ao governo de Hong Kong para que imponha sanções de acordo com a lei”, destacou a agência, que citou um porta-voz do gabinete de assuntos de Hong Kong e Macau do governo chinês.
O resultado que deu 30 dos 70 assentos no Conselho ao campo pró-democracia ? um aumento de três cadeiras ? ocorreu num momento em que cresce em Hong Kong a sensação de que a China está endurecendo o controle em temas políticos e culturais. Ao todo, seis independentistas foram eleitos, e somando-se todos os candidatos ? inclusive os derrotados ? o campo anti-Pequim conseguiu 20% dos votos.
? Isto é absolutamente inesperado, ninguém imaginava que acontecesse. Acredito que os verdadeiros cidadãos de Hong Kong queriam uma mudança ? disse Law, o segundo mais votado em sua circunscrição, com 50 mil votos, atrás de um candidato favorável a Pequim. ? Os jovens têm um senso de urgência sobre o futuro.
O seu movimento, Demosisto, exige a realização de um referendo sobre a independência do território, antiga colônia britânica entregue em 1997 à China sob o princípio ?um país, dois sistemas? ? com a promessa de manutenção do sistema capitalista e da autonomia local por 50 anos.
? Temos que estar unidos contra o Partido Comunista (Chinês) ? apontou Law.
Além dele, pelo menos outros quatro jovens que defendem o rompimento com Pequim conseguiram vagas no Conselho Legislativo. Entre eles, a candidata do Youngspiration, Yau Wai-Ching ? de 25 anos, que defende o direito de Hong Kong de ?falar de soberania? ? e Sixtus ?Baggio? Leung, 30 anos, do mesmo partido, eleito com um discurso cheio de alusões à independência. Cheng Chung-tai, 33 anos, do Civic Passion também se elegeu.
? Os eleitores quiseram enviar uma mensagem forte a Pequim ? avaliou o analista político Willy Lam. ? E Pequim não deve estar nada contente com o resultado. É muito possível que o utilize como pretexto para atar ainda mais Hong Kong.
Alguns analistas antecipavam que a entrada em cena dessa nova geração poderia acabar por reforçar ? e também endurecer ? partidários de uma forte ligação com Pequim, enfraquecendo a oposição tradicional que não se enxerga nas exigências dos jovens ativistas.