Cotidiano

Chimarrão amargo: Preço da erva-mate pode variar em até 58%

Supermercados do Sudoeste vendem marcas mais caras em comparação aos do Oeste

Francisco Beltrão – O preço mais amargo da erva-mate desde o último ano traz impacto no bolso dos consumidores que têm por hábito tomar o chimarrão. O quilo do produto à venda nos supermercados chega a ter uma variação de 58%.

A embalagem mais em conta custa R$ 7,99 e as opções mais caras passam de R$ 12. Em relação às regiões do Paraná também há diferença entre os preços e opções comercializadas no Oeste, por exemplo, custam 10% a mais no Sudoeste.

Considerando uma das marcas em Cascavel, de R$ 11,99 o valor do quilo sobe para R$ 12,99 em Francisco Beltrão. Outra opção de erva-mate aqui tem o custo de R$ 9,98 e na cidade comparada, R$ 10,99.

A cultura da erva-mate existe há mais de 200 anos no País e foi uma das propulsoras da economia do Sul do Brasil do período imperial até meados dos anos 1930. O chimarrão, o tereré e o chá-mate são, pela ordem, os principais produtos da cadeia produtiva.

Cerca de 560 cidades do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde a tradição por essas bebidas prevalece, além do Mato Grosso, apostam economicamente na cultura e o plantio envolve uma extensão de mais de mais de 110 mil hectares.

“O preço que encontramos nos supermercados está muito alto, considerando que o Paraná é um produtor e tem inúmeras indústrias. Hoje, um quilo de qualidade custa em média R$ 12 e para quem consome uma embalagem por semana, está difícil comprar”, diz o cozinheiro Ronaldo Kracieski.

O aposentado João Batista Camilo também teve que mudar os hábitos diante do preço que encontra nos supermercados.

“Está tudo caro. Tenho preferência por uma marca, mas com o preço que está, compro a cada 15 dias e agora tomo menos chimarrão”, comenta.

O gerente de um dos supermercados em Cascavel, Sérgio Luiz Gilnek, diz que o valor sofreu reajuste no ano passado.

“O aumento ocorreu no inverno, por conta da produção que foi menor e da necessidade da exportação”, afirma.

Conforme ele, não há previsão de que a erva-mate seja vendida por um preço mais acessível. “É um produto que tem um grande consumo aqui na região, mas dificilmente os fornecedores nos dão condições de oferecer promoções”, explica Sérgio.

 Produção no Oeste

A produção da erva-mate no Oeste atingiu 8.797 toneladas na safra 2014. O cultivo ocorreu de forma predominante em áreas plantadas em 21 municípios. Em comparação aos 12 meses anteriores, quando o volume produzido foi de 8.533 toneladas, há um leve aumento de 3%.

O cultivo na região não tem muita expressividade, comparado ao de outras culturas da agricultura.

“A soja, por exemplo, tem um potencial muito maior devido ao processo de produção ser mais rápido e o retorno financeiro melhor. Já na região de União da Vitória, Irati e Guarapuava o cultivo é maior”, afirma o agrônomo Derli Dossa.

Depois do plantio, o tempo para colheita da erva pode variar de 18 a 24 meses.