Cotidiano

Bacia Leiteira: Desemprego no campo dispara com a queda no preço pago ao produtor

A recessão também bateu à porta dos produtores de leite da região oeste. De 2012 até agora, centenas de famílias deixaram a atividade de lado por não conseguir mais enxergar qualquer perspectiva de evolução e rentabilidade gerada pela lida diária no campo, na extração do leite para abastecer os laticínios de todo o Paraná. Hoje, o preço do litro do leite pago ao produtor na região oeste é, em média, comercializado de R$ 1,20 a R$ 1,35 para esse mês de julho. Comparando com o mesmo período do ano passado, em que o produtor ainda conseguia vender o leite a até R$ 1,70, a queda na comercialização neste último ano chega a 30%.

O presidente da Associação Leite Oeste, com sede em Marechal Cândido Rondon, Rodrigo Bellé, é prova viva dessa triste realidade enfrentada pela cadeia de produção. “Parei com a atividade justamente por deixar de ser rentável”.

Os “sobreviventes” desta crise são as propriedades que essencialmente utilizam mão de obra o familiar. “Sem condições de investir e ampliar a sua produção, muitos produtores são obrigados a deixar a atividade e com isso, elevando as taxas de desemprego de trabalhadores que até então sustentavam a família com o salário obtido na lida diária para a produção de leite no campo”, atesta Bellé. “A carga tributária, rotatividade de funcionários e despesas em geral com o pessoal, espremeu ainda mais a margem de ganho do produtor, que desistiu da produção, provocando demissões no setor”.

Bellé relata que antes de abandonar a atividade, o plantel de 160 cabeças de gado leiteiro produzia 1.800 litros/dia. “Tive que demitir três famílias fundamentais para o alcance de resultados na atividade, por não ter mais como honrar os compromissos salariais”. Ele conta que nas propriedades vizinhas a dele, mais de dez famílias foram demitidas pelos produtores diante do quadro temerário envolvendo o setor. “De um ano para cá, somente em Marechal Cândido Rondon, 18 produtores abandonaram a produção de leite e neste período, apenas um deu início na atividade”. Há casos inclusive, de produtores recebendo R$ 0,80 por litro. “Um absurdo, pois esse valor não cobre sequer o custo de produção”.

O oeste do Paraná já chegou a produzir mais de 1 bilhão de litros de leite ao ano. Hoje, essa produção caiu no mínimo 60%. Em 2013, Marechal Cândido Rondon era o maior produtor de leite do Paraná e o segundo maior do Estado, ficando atrás apenas de Castro, considerado o berço da produção de leite em larga escola do Estado. Hoje, Marechal Cândido Rondon ocupa a 12ª colocação no Paraná.

Vandré Dubiela