LONDRES ? Em um dia nublado no leste de Londres, Zabou, uma artista de rua francesa, pintou um mural colorido de duas crianças ? uma carregando um cesto de roupas e a outra com uma enxada nos ombros, ambas com olhares desesperados.
Enquanto caminhões e buzinas tomam a movimentada rua, os retratos chamam a atenção. Alguns pedestres interrompem a caminhada para fotografar o trabalho.
? Se as pessoas olharem, já é um ganho. É uma boa localização, esperamos que os murais despertem a consciência ? contou Zabou para a Reuters.
O projeto, que tem o objetivo de destacar o problema do trabalho infantil, começou com o convite feito a Zabou pela artista mexicana Victoria Villasana. Nascida em Guadalajara, Victoria explicou que foram as experiências da sua terra natal que a sensibilizaram para o assunto.
? Eu sei que isso acontece em todo o lugar. Mas não deveria. Nós podemos fazer alguma, qualquer pequena ação e não simplesmente ignorar ? justifica.
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A Organização Internacional do Trabalho estima que cerca de 168 milhões de crianças, uma em cada 10 no mundo, trabalham em cadeias de fornecimento, incluindo agricultura, manufatura e construção civil.
Nikki Predergast, uma das organizadora do projeto de murais, acredita que a ignorância sobre a extensão do trabalho infantil contribui com o problema. Para Nikki, se mais consumidores soubessem como o trabalho de crianças afeta as indústria, elas poderiam fazer alguma pressão por meio do consumo para demandar mercadorias com produção mais ética, de alimentos a roupas.
Para isso, a organização que dirige, a Child Labor Free, lançou um selo, em 2015, para que consumidores possam identificar quais produtos não foram feitos com mão de obra infantil.
? Estamos convidando as marcas a se unirem nessa luta e serem honestas. Eu quero que todos os produtos tenham a marca para que a ausência de trabalho infantil se transforme em uma expectativa do consumidor ? explicou Nikki.
