Opinião

Um respiro ao Brasil

Por Carla Hachmann

O governo federal pretende anunciar esta semana algumas ações para a economia brasileira dar uma respirada. Uma das medidas é a liberação de parte do FGTS das contas ativas, seguindo o que o ex-presidente Michel Temer fez há dois anos e que todos agradeceram.

A saída não é lá das mais criativas, mas é o que se tem de curtíssimo prazo.

Com a demora na aprovação da reforma da Previdência, pausada para que os nobres parlamentares tirem seu recesso branco, e o PIB patinando, o jeito é usar as armas que tem.

Mas se é bem-vindo o alívio momentâneo, todos estão cientes de que é preciso (muito) mais. O Governo Bolsonaro completa 200 dias e a expectativa de crescimento já esfriou, ninguém mais faz apostas para este ano e o desânimo vai contagiando. Não fossem as exportações do agronegócio aquecidas, sabe-se lá o que seria do País a essas alturas.

A economia continua travada. Os empresários espremendo mais um pouco para sobreviver enquanto der, o empregado rezando para não ficar sem emprego, o desempregado desesperado buscando bicos e o consumidor contando os centavos para fazer o orçamento caber no salário.

Se as medidas de privatização são importantes para aliviar o caixa do governo, de outro lado o governo se esquiva de um papel que poderia ser crucial neste momento: de agente fomentador. No Governo Militar, as elevadas taxas de crescimento da economia foram boa parte impulsionadas pela ação pública, que abriu buracos e pôs gente para trabalhar, gerando renda e movendo a economia.

Ninguém mais quer (ou suporta) um Estado inchado, mas se as grandes reformas que podem promover as mudanças esperadas não vêm, talvez as políticas do passado possam fazer o que a esperança sozinha não está dando conta.