Foz do Iguaçu – Especialistas de diversos estados brasileiros e de outros países estão reunidos em Foz do Iguaçu – de 8 a 11 de outubro – para debater estratégias para a conservação da harpia ou gavião-real (Harpia harpyja), a maior ave da América Latina e uma das maiores do planeta.
O primeiro Workshop para Conservação Integrada da Harpia ocorre no PNI (Parque Nacional do Iguaçu), com atividades também no Refúgio Biológico Bela Vista, da Itaipu Binacional.
“A harpia é um ícone, está no brasão do Estado do Paraná. Esse encontro é a oportunidade de, juntos, traçarmos uma estratégia para que essa ave possa voltar a ser avistada na natureza”, disse o superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu, Ariel Scheffer, durante a abertura oficial do evento nessa terça-feira (9), no PNI. “Será essencial estabelecermos parcerias para isso, e a Itaipu está à disposição para colaborar no que for possível”, garantiu.
Ivan Baptiston, chefe do Parque Nacional do Iguaçu, reforçou a importância da luta contra a caça predatória de todas as espécies. “Não é possível reintroduzir as harpias sem o conhecimento técnico, e por isso é importante esse tipo de encontro. Porém, não adianta reintroduzi-las sem que haja um trabalho de conscientização contra a caça”, enfatizou.
A capacitação contínua de instituições e parceiros para a conservação da espécie foi um dos temas de destaque no evento. Segundo a pesquisadora Tânia Sanaiotti, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, coordenadora do Projeto Harpia, “envolver a comunidade e conscientizar a respeito da importância de preservar é essencial para a segurança dos animais”.
A especialista, considerada uma autoridade no estudo dessa espécie, fez uma apresentação geral sobre a situação do Projeto Harpia, que acaba de completar 20 anos. A palestra incluiu tanto aspectos da natureza do animal como o histórico dos estudos sobre a harpia na América Latina, a atual situação de monitoramento de espécimes, e os desafios a enfrentar.
Desafios
Após a abertura do evento, profissionais de diversas instituições de pesquisa falaram sobre o que vem sendo realizado em cada um desses espaços. Representando o Refúgio Biológico Bela Vista, o biólogo Marcos de Oliveira, da Divisão de Áreas Protegidas de Itaipu, apresentou um pouco do histórico e os resultados do programa de reprodução em cativeiro desenvolvido há 18 anos no RBV.
“O segredo é bom manejo e paciência”, afirmou Marcos. No começo, não foi fácil: havia poucas informações sobre a forma correta de lidar com o animal. Com o tempo, e o apoio de outras instituições e especialistas, o programa se desenvolveu. O plantel atualmente conta com 32 aves, sendo 22 nascidas no próprio Refúgio.
Embaixadoras
Ainda que o objetivo seja ver as harpias livres na natureza novamente, os animais mantidos em cativeiro têm um importante papel na preservação da espécie. Além da questão genética, de permitir o armazenamento de material para reprodução em caso de extinção, eles servem como “protetores” dos espécimes em liberdade.
“As harpias mantidas sob cuidados humanos são como embaixadoras para a sensibilização [ao tema]”, afirmou Yara Barros, chefe da Divisão de Conservação do Parque das Aves. “A partir delas, a população pode se conscientizar a respeito da importância da conservação da espécie e das ameaças que as aves enfrentam”.
O 1º Workshop para a Conservação Integrada da Harpia conta com o apoio do Parque Nacional do Iguaçu, do ICMBio (Instituto Chico Mendes), do Parque das Aves, da Cataratas do Iguaçu S.A., do Instituto Conhecer e Conservar, do Macuco Safari, da Beauval Nature e da Itaipu Binacional.