RIO – O argentino Daniel Díaz ainda troca algumas palavras, mas consegue entender tudo em português. Morou em São Paulo por cerca de um ano entre 2014 e 2015, quando defendia equipe brasileira de ciclismo de estrada Funvic/São José dos Campos. Com esta camisa, ele deu destaque ao ciclismo brasileiro ao vencer o Tour de San Luis, na Argentina, que é a principal competição da modalidade na América Latina, em janeiro do ano passado. Na ocasião, ele derrotou nomes como o colombiano Nairo Quintana, que era o número um do mundo, e o britânico Mark Cavendish, que já venceu 26 etapas do Tour de France.
– Cheguei “ayer” (ontem, em espanhol). Quer dizer… Cheguei ontem. Me sinto bem aqui no Brasil. Competi algumas vezes o Tour do Rio pela Funvic. Já falei com o Pippo. Ele foi pedalar na Vista Chinesa essa manhã – disse Daniel.
Pippo é Antonio Garnero, membro de uma das famílias mais ricas do Brasil, que trocou sua vida de executivo no Banco Brasilinvest para competir em alto nível pela Funvic, sempre dividindo quartos, refeições e treinos com seus companheiros de equipe, sem privilégios. O ex-vice presidente de banco, no entanto, não vai competir nos Jogos. Os titulares do Brasil na prova são Kléber Ramos, que pedalou com Pippo e Daniel na Funvic, e Murilo Fischer. Entre as mulheres, Clemilda Fernandes e Flávia Oliveira são as representantes do país.
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Se por um lado Daniel Díaz deu o maior título já conquistado por uma equipe brasileira no circuito mundial, o suporte verde e amarelo o ajudou a subir no cenário internacional. O Tour de San Luis é a única competição está na categoria 2.1 da União Ciclística Internacional (UCI). O Tour do Rio, que é outra prova grande, está um nível abaixo: 2.2.
Daniel começou sua carreira como amador na Espanha. Teve sucesso, mas acabou ficando sem equipe e regressou à Argentina. Em 2013, venceu o Tour de San Luis pela primeira vez defendendo uma equipe local. Na ocasião, a prova já tinha destaque mas não atraía os principais nomes do mundo. Entre 2014 e 2015, fechou contrato com a Funvic e venceu, no ano passado, o Tour pela segunda vez. Desta vez, enfrentou alguns dos melhores do mundo. Bem verdade que os principais ainda estavam em início de temporada e a prova argentina estava servindo como preparação, mas as vitórias lhe deram destaque internacional. E ele foi contratado pela francesa Delko Marseille Provence KTM.
– Graças a esta vitória com a Funvic, as equipes europeias voltaram a olhar para mim. Foi uma época boa. Guardo com carinho – disse Daniel, garantindo que o churrasco brasileiro deixa a desejar para os hermanos. – A carne argentina é muito melhor. Não tem comparação.
