Cotidiano

Prefeitura do Rio corta 25% do orçamento dos teatros municipais

Links Cultura do RioRIO – A Prefeitura do Rio informou aos gestores dos teatros da rede municipal uma
redução de 25% do orçamento previsto para 2017. A carta encaminhada no início de
março pela Gerência de Licitação e Acompanhamento de Contratos da pasta aos
responsáveis pelas casas, à qual O GLOBO teve acesso, pediu a eles que enviassem
um novo plano de trabalho, considerando o corte. No caso de não aceitação dos
termos, os contratos de residência seriam cancelados. O primeiro impacto a ser
sentido pelo público será a redução nos horários de funcionamento dos teatros,
de seis para cinco dias por semana.

? Fomos informados de que
poderíamos fazer o que quiséssemos para cumprir essa meta, como readequar nosso
nível de exigência artístico ou técnico, ou seja, trabalhar com menor qualidade.
Poderíamos inclusive reduzir o tempo de funcionamento, o que faremos. Escolhemos
fechar um dia a mais por semana ? informou um dos gestores, que não quis ter o
seu nome divulgado.

Estamos estabelecendo uma gestão responsável, que impeça o fechamento de equipamentosApesar de a determinação não ter partido da Secretaria de Cultura, Nilcemar
Nogueira, responsável pela área, afirma que a medida é fundamental pra manter os
teatros funcionando:

? A crise está aí, atinge o país e o mundo inteiro. Pretendemos trabalhar com
muita parceria e criatividade, que estão no cerne da cultura. Estamos
estabelecendo uma gestão responsável, que impeça o fechamento de equipamentos e
mantenha os nossos espaços abertos para toda a população carioca.

PAUTAS ESTAVAM FECHADAS ATÉ MAIO

A medida atinge o Espaço Sérgio Porto, a Sala Municipal Baden Powell e os
teatros Café Pequeno, Carlos Gomes, Maria Clara Machado, Ziembinski,
Gonzaguinha, Ipanema e Serrador. Ela é decorrente do Decreto nº 42.728/2017,
publicado no dia 1º de janeiro, no qual o prefeito Marcelo Crivella anunciou a
revisão dos contratos em vigor da Prefeitura. O texto do documento previa a
redução de 25% em todos os contratos de todas as secretarias. A assessoria de
imprensa da Secretaria de Cultura, por e-mail, justifica os cortes ?(…) tendo
em vista a crise financeira do país, o momento dramático do Governo do Estado, a
redução da arredação e o déficit orçamentário encontrado no caixa da Prefeitura
da ordem de R$ 4 bilhões?.

A meta geral do governo é enxugar os custos da Prefeitura em cerca de R$ 3,5
bilhões ? para isso, entre outras medidas, reduziu o número de secretarias de 24
para 12 e exonerou funcionários não concursados. Na Cultura, os R$ 25 milhões do
Edital de Fomento às Artes de 2016 corre o risco de não ser pago, como admitiu a
secretária Nilcemar Nogueira em fevereiro:

? Temos R$ 15 milhões aprovados para fomento em 2017, e R$ 25 milhões não
pagos, de projetos sem contrato, do ano passado. O que você faria? Eu conversei
com o prefeito. O valor será pago, mas não tenho como dizer quando.

O atual modelo de gestão dos teatros da rede municipal foi definido num
edital lançado em 2015, pelo então secretário de Cultura, Marcelo Calero. A
partir do edital, foram determinados contratos de residência artística válidos
por dois anos, entre março de 2016 e março de 2018. O corte de 25% afetará a
manutenção da programação dos teatros, que já estavam com suas pautas fechadas
pelo menos até maio ? alguns espaços tinham planejamento ainda mais avançado ?
quando receberam o comunicado da prefeitura informando que deveriam se readequar
ao novo orçamento.