A Fifa é alvo de um processo na Justiça da Suíça movido por um trabalhador de Bangladesh que diz ter sido explorado quando atuava nas obras para a Copa de 2022, no Qatar. Na ação judicial a entidade que gere o futebol no planeta é acusada de conivência com a situação degradante dos operários dos estádios que serão usados no Mundial. Segundo a acusação, a Fifa não usa sua influência para garantir que os trabalhadores sejam tratados justamente.
A ação em Zurique tem apoio do maior sindicato de trabalhadores da Holanda. E seu objetivo é obrigar a Fifa a forçar o Qatar a garantir direitos mínimos aos operários. Segundio denúncias, os trabalhadores estrangeiros não podem se demitir nem deixar o país. As suspeitas de que seja trabalho escravo em muitas das situações.
Copa do Qatar 2022 (atualizada em 10 de outubro de 2016)
O autor do processo chama-se Nadim Shariful Alam, e tem 21 anos. Ele pede compensação financeira de 10 mil euros e conta que pagou 3,5 mil euros a um recrutador para trabalhar nas obras dos estádios da Copa. Alam relatou que teve seu passaporte confiscado pelos donos da empreitada logo depois de chegar ao Qatar e que trabalhou por 18 meses em condições ilegais.
O trabalhador contou ainda que ficou confinado num campo com outros operários. A função dele era descarregar navios que levavam materiais de construção. Obrigado a pagar por suas refeições, Alam informou que, depois de ser despedido e deportado, não recebeu o suficiente nem para ter de volta o que pagou ao recrutador.
Segundo a Federação Holandesa dos Sindicatos do Comércio, a Fifa tem que ser responsabilizada, já que cabe a ela o papel de supervisionar o andamento das obras para o Mundial.
O Qatar tem sido alvo frequente de denúncias de desrespeito às regras do trabalho em relação aos estrangeiros levados ao país para atuar nas obras da Copa de 2022. Organizações não governamentais, como a Anistia Internacional, têm se manifestado contra o tratamento dado aos operários no país.