Esportes

Dois ciclos em jogo para três barcos na Olimpíada do Rio

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Fosse necessário representar os últimos dois ciclos olímpicos de um esporte em apenas uma imagem, poucos ofereceriam opção mais simples do que o remo no Single Skiff masculino: bastaria direcionar as lentes das câmeras para as raias 3, 4 e 5 da Lagoa Rodrigo de Freitas neste sábado. A final da categoria, penúltima disputa de medalha do remo na Olimpíada do Rio, a partir das 10h30m, colocará lado a lado os três principais nomes do barco individual de palamenta dupla nos últimos ciclos olímpicos: o tcheco Ondrej Synek, o neozelandês Mahé Drysdale e o croata Damir Martin.

Drysdale e Synek já estiveram lado a lado nesta Olimpíada: foi nas quartas de final do Single Skiff, em regata vencida pelo neozelandês, de 37 anos, que ultrapassou o tcheco, de 33, na segunda metade da prova. Quando perguntado se tudo não passou de um jogo de cena – deixar o rival vencer para esconder seu verdadeiro potencial – Synek riu:

? Tática? Que tática? (risos) Quem me conhece sabe como eu me comporto na água. Deu para economizar um pouco de energia ? despistou o remador tcheco, atual tricampeão mundial no Single Skiff, tendo Drysdale como vice-campeão nos últimos dois:

? Remar ao lado de Mahé (Drysdale) é sempre complicado. Ele é o tipo de sujeito que não gosta de perder nenhuma regata, seja qual for a importância dela ? completou.

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Naquele dia, Synek exalava tranquilidade: atendeu a imprensa por cerca de meia hora na zona mista, pouco depois da regata, enquanto Drysdale limitou-se a três breves respostas e foi embora. O remador da Nova Zelândia é o atual campeão olímpico, detentor do recorde mundial no Single Skiff (6:33:35 minutos, estabelecido em 2009) e tido como favorito para o ouro no Rio. Mas nada disso tira o foco de Drysdale, que mostra obsessão pelos treinamentos.

O neozelandês foi um dos primeiros a chegar para a Olimpíada do Rio, no dia 24, duas semanas antes do início das provas de remo. Drysdale já testava a água da Lagoa Rodrigo de Freitas enquanto operários ainda faziam soldas na rampa de acesso ao pódio. Econômico nos sorrisos, Drysdale dá tudo de si na água: até aqui, venceu todas as regatas na Lagoa pelo menos três segundos abaixo dos adversários, muitas vezes colocando mais de um barco de vantagem no meio da prova.

CROATA EM ASCENSÃO

Embora o tcheco não aparente, Synek tem Drsydale como uma pedra no sapato. Em Londres-2012, o tcheco chegava como bicampeão mundial, com retrospecto semelhante ao deste ano, mas foi superado pelo neozelandês na regata decisiva. Desde então, eles se alternam como vencedores da grande maioria de etapas de Copa do Mundo ou Mundiais.

Ultimamente, porém, quem tira o sono de Synek é um croata em franca ascensão: Damir Martin, de 27 anos, dez a menos que Drysdale. Martin é quase um calouro no Single Skiff: passou a se dedicar exclusivamente à prova somente em 2015, quando foi campeão europeu – feito que repetiria neste ano, batendo Synek nas duas oportunidades. Na semifinal, o tcheco competiu na mesma bateria do croata e venceu, mostrando comportamento bastante diferente em relação à tranquilidade das quartas de final:

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? Fiquei um pouco nervoso antes da regata – confessou Synek – É muito bom estar na final de uma Olimpíada pela quarta vez. Estava me sentindo sob pressão antes das semifinais, mas agora vou curtir o momento ? garantiu.

Esta será a segunda final olímpica de Martin, que competiu em Londres-2012 no Skiff Quádruplo, quando levou a prata em um barco que contava com os irmãos Valent e Martin Sinkovic, ouro na Rio-2016 pelo Double Skiff. Caso surpreenda os favoritos, Martin conquistará o segundo ouro da história da Croácia no remo olímpico, colocando o país pela primeira vez no alto do quadro de medalhas, com a mesma quantidade de medalhas douradas que potências como Alemanha e Grã Bretanha.