BRASÍLIA – Um dos mais ferrenhos integrantes da tropa de choque da presidente afastada Dilma Rousseff, contra o que chama de ?golpe branco? conduzido pela ?burguesia do FBI?, o senador Telmário Mota (PDT-RR) capitulou. Ao GLOBO, o pedetista disse neste domingo que Dilma não tem condições de retornar ao cargo e, se voltasse, teria que governar com o PMDB. Para evitar uma crise ainda maior, disse Telmário, o melhor para o Brasil e para seu estado é deixar o presidente interino Michel Temer na Presidência pelos próximos dois anos até serem realizadas novas eleições.
Apesar de não ter anunciado oficialmente, o voto de Telmário deverá engordar a maioria de votos já declarados para aprovar a cassação definitiva de Dilma.
O senador pedetista não tem aparecido no plenário nessas primeiras sessões do julgamento do impeachment, mas tem tido conversas com ministros do entorno de Temer. Junto com parlamentares do PT e do PCdoB, ele foi um dos que assinaram a representação contra o processo de impeachment na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Telmário Mota disse que foi para a base do governo porque Roraima é um estado que sobrevive do contracheque e depende 80% de verbas da União. E ?se der uma chuva no governo federal, Roraima morre afogada?. Portanto, se Dilma voltar a agravar a crise, seu estado seria muito penalizado.
– Agora eu tenho que pensar no Brasil e no meu estado, não tem jeito! Se Dilma voltar, ela tem que governar com o PMDB. Que crise não vai ter? O Brasil vai perder a governabilidade. Então deixa o PMDB que está aí, porque foi quem sempre governou mesmo. Vamos tentar salvar esse país nesses dois anos até ter novas eleições – explicou Telmário.
O senador pedetista diz que, se Dima voltar, ela não tem como governar com o PSDB, com o Democratas e com os demais partidos já agregados ao governo Temer.
– A Dilma vai ter que voltar a governar com o próprio PMDB. Ou seja: lá vem crise de novo, vai voltar tudo que era antes – explicou o senador do PDT.
Mesmo quando foi para a base no governo Dilma, disse Telmário, foi com Temer e com o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que sempre conversou. Disse que nunca conversou com ninguém do PT ou com a própria Dilma.
– Aí veio o processo do impeachment, e eu continuei porque entendia ideologicamente que aquilo era um golpe, uma briga partidária e que o PMDB, o partido que lhe dava sustentação, queria tirá-la. O PMDB hoje está governando de joelhos para o PSDB, assim como o PT governava de joelho para o PMDB – disse Telmário.
Ele disse que vai ouvir amanhã a defesa de Dilma no plenário e depois oficializar seu voto.