Cotidiano

Presidente do Fed vê mais altas de juros, se economia dos EUA mantiver ritmo

WASHINGTON – A presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) afirmou nesta terça-feira que mais altas na taxa referencial de juros seriam adequadas caso a economia do país atenda à perspectiva da autarquia de elevar gradualmente a inflação e fortalecer o mercado de trabalho.

?Em nossos próximos encontros, a Comissão vai avaliar se o emprego e a inflação continuam a evoluir em linha com essas expectativas, caso em que um futuro ajuste na taxa de juros federal provavelmente seria apropriado?, disse a autoridade em relatório apresentado em audiência na Comissão Bancária do Senado.

O documento de Yellen sobre a política monetária americana é o primeiro desde que Donald Trump se tornou presidente com a promessa de fomentar o crescimento nos EUA, o que poderia pressionar a Comissão Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed a acelerar o rimto de elevações dos juros. Ela reiterou que atencipar-se ao alcance da meta de inflação do BC, de 2%, poderia prejudicar a economia e encurtar a expansão.

?Esperar muito para sair da acomodação seria imprudente, potencialmente exigindo que o Fomc eventualmente aumente os juros rapidamente, o que poderia arriscar a interrupção dos mercados financeiros e empurrar a economia para recessão?, acrescentou.

Yellen não indicou o tempo para a próxima alta em seu comentário. Investidores estimam cerca de 34% de chance de uma elevação na próxima reunião do Fomc em 14 e 15 de março, ante probabilidade de 30% antes de seu relatório. Os títulos do Tesouro americano caíram, ações compensaram perdas e o dólar subiu.

O Fed, que subiu os juros apenas duas vezes desde o início da recuperação econômica em 2009, sinalizou três elevações de 0,25 ponto percentual este ano à medida que a economia se aproxima das metas do banco central de emprego pleno (atualmente a taxa está em 4,8%) e inflação a 2%.

CRESCIMENTO MODERADO

Yellen disse que a perspectiva do quadro legislador do Fed de um ?ritmo moderado? de crescimento é baseada em uma política monetária de estímulo contínuo, e uma retomada na atividade global. Ela não citou as propostas da gestão Trump como um elemento-chave para previsão do banco central.

A presidente do Fed afirmou que os membros da comissão discutirão nos próximos meses a estratégia para o balanço patrimonial, que inchou para cerca de US$ 4,5 trilhões após a crise, ante menos de US$ 900 bilhões em 2006.

Ela disse que espera que o balanço patrimonial termine sendo ?substancialmente menor? do nível atual, com a intenção dos legisladores de reduzi-lo ?de forma ordenada e previsível?. O Fed não quer usar o balanço patrimonial como ferramenta ativa de política.

Sobre indicadores econômicos, ela disse que os gastos dos consumidores continuam a cresce em ?ritmo saudável?, apoiado por ganhos na renda familiar, sentimento favorável e taxas menores. A recente elevação nas taxas de hipoteca ?podem dar alguma restrição? nos mercados imobiliários, disse Yellen. A autoridade afirmou que mudanças nas políticas fiscais e econômicas poderiam afetar a perspectiva, apesar de não ter especulado sobre como, acrescentando que ?é muito cedo para saber? quais alterações seriam efetivadas. Ela pediu aos legisladores para focarem nos investimentos que poderiam melhorar os padrões de vida e aumentar a produtividade.

PRESSÃO POR REFORMA

A vitória de Trump poderia expor o Federal Reserve a reformas favorecidas pelo Partido Republicano, que ainda controla as duas casas do Congresso. Yellen poderia confiar anteriormente na blindagem exercida pelo ex-presidente democrata Barack Obama com seu veto sobre qualquer tentativa de coibir a independência do Fed.

A mudança de poder poderia forçá-la a se engajar mais com os legisladores do que até então. Os republicanos querem reverter regulações impostas após a crise financeira de 2008, implementadas pela lei Dodd-Frank, alegando que as normas prejudicam o crescimento ao tornar o crédito escasso para pequenos negócios.

Em seu discurso na audiência, o presidente da Comissão Bancária do Senado, Mike Crapo, afirmou que ?é hora de reavaliar o que está e não está funcionando? com as regulações financeiras, que precisam ?atingir o equilíbrio adequado? entre segurança do sistema e crescimento econômico.