WASHINGTON ? Criticado por declarações falsas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a apresentar números e comentários equivocados para defender sua polêmica ordem executiva que bloqueia a entrada de refugiados e cidadãos de sete países de maioria muçulmana. Os dados foram checados pela Associated Press (AP). Trump
De acordo com a agência, Trump errou ao informar pelo Twitter que apenas 109 de 325 mil pessoas foram presas ou retidas para interrogatório nos aeroportos dos EUA após a assinatura da medida, na sexta-feira.
Na verdade, de acordo com um oficial de segurança federal, quase 400 titulares de vistos de residência permanente para migrantes foram detidos na chegada aos aeroportos americanos. E no domingo pela tarde, um residente permanente teve sua entrada negada devido ao novo decreto. A fonte falou sob condição de anonimato porque não estava autorizada a comentar o tema de forma pública.
Também no Twitter, Trump chegou a culpar a Delta Airlines e os manifestantes pelo tumulto causado nos aeroportos durante o fim de semana. A companhia aérea, no entanto, informou que um problema no sistema que provocou o cancelamento de mais de 150 voos ocorreu depois do início dos protestos nos terminais. As manifestações estavam relacionadas às restrições migratórias, e não ao atraso ou cancelamento dos voos.
Os comentários questionáveis não se resumem ao caos nos aeroportos. Ainda de acordo com a AP, a Casa Branca se equivocou a dizer, em comunicado, que a política de Trump era similar à feita pelo ex-presidente Barack Obama em 2011, ?quando ele proibiu vistos para refugiados iraquianos durante seis meses?.
Não foi isso que aconteceu exatamente. Segundo dados do Departamento de Estado, durante o ano de 2011, foram admitidos nos Estados Unidos 9.388 refugiados iraquianos. Os números também indicam que refugiados iraquianos foram aceitos durante todos os meses daquele ano.
Na mesma nota, a Casa Branca afirma que os sete países listados na ordem executiva de Trump são os mesmos identificados antes pelo governo Obama como fontes de terrorismo.
Na realidade, o que ocorreu é que, em 2015, o Congresso votou a favor da exigência de vistos e verificações de segurança adicionais para estrangeiros que visitaram sete países: Iraque, Irã, Síria, Sudão, Líbia, Somália e Iêmen. A medida estava incluída em uma extensa lei orçamentária aprovada com maioria esmagadora pelo Congresso ? controlado por republicanos ? e assinada por Obama.
Trump também já se envolveu em outra polêmica por causa do tamanho do público de sua posse e por atribuir a sua derrota no voto popular para Hillary Clinton a ?milhões de votos ilegais?, embora não haja registro de irregularidades na votação. Trump enfrenta teste após decreto anti-imigração