Cotidiano

Bem cotado para o Oscar, ?La la land? abre Festival de Veneza cantando

201608311020292018_RTS.jpg Links VenezaVENEZA ? Último musical escrito diretamente para o cinema a ganhar o Oscar, ?Gigi? (1958) levou o mundo a se refugiar no mito de uma Cinderela moderna, enquanto a Guerra Fria começava a se aprofundar. O filme de Vincente Minnelli (1903-1986) é uma das principais fontes de inspiração para ?La la land?, que fez sua estreia, nesta quarta-feira, na abertura do 73º Festival de Veneza, amparado por fortes expectativas para a próxima temporada de prêmios. Melhor título para abrir a corrida por suas estatuetas a Academia americana não poderia encontrar, já que o filme de Damien Chazelle é uma carta de amor aos sonhadores, aos antigos musicais e, em última instância, ao próprio cinema.

? Mais do que qualquer outro gênero, o musical nos permite ir da realidade à fantasia, e explorar diferentes emoções entre um extremo e outro ? disse Chazelle em Veneza. ? Sempre fui cinéfilo, e a música tem ocupado uma grande parte da minha vida. Meu primeiro filme (?Guy and Madeline on a park bench?, trabalho de conclusão de curso em Harvard) também era um musical. Tudo o que eu faço, mesmo as coisas não relacionadas diretamente com música, acabam tendo um sentimento musical.

Ambientado em cartões-postais de Los Angeles, ?La la land? tem uma trama bastante simples: pianista (Ryan Gosling) que sonha em abrir um clube de jazz se apaixona por uma garçonete (Emma Stone) aspirante a atriz de cinema. Os altos e baixos se sucedem, em meio a rompantes canoros dos personagens em autoestradas engarrafadas, festas em mansões nas colinas de Hollywood e até dentro do Observatório Griffith, que já serviu de cenário a filmes como ?Juventude transviada? (1955).

O final do filme tem o sabor melancólico do francês ?Os guarda-chuvas do amor? (1964), de Jacques Demy, outro musical marcante para Chazelle.

? Nunca havia visto um filme como o de Demy, que emulava o estilo de musical da Metro Goldwyn Mayer que eu queria tomar emprestado, mas que lidava com os fatos da vida de forma mais realista. Há algo de muito belo e poético sobre ?Os guarda-chuvas do amor?. Muitas coisas podem acontecer depois de um ?e viveram felizes para sempre? ? argumentou o diretor de 31 anos, revelado com ?Whiplash ? Em busca da perfeição? (2014).

* Carlos Helí de Almeida está hospedado a convite do festival