O empresário Carlos Valter Martins acaba de assumir a presidência da Fiep (Federação da Indústria do Estado do Paraná) e defendeu o fomento das indústrias no interior do Paraná, com apoio tecnológico e formação profissional. “Aprimorar a nossa infraestrutura é um dos caminhos para reduzir custos e aumentar a competitividade da indústria paranaense. Existem melhorias que precisam ser feitas em todos os modais de transporte”, defende o novo presidente da Fiep sobre os investimentos necessários em infraestrutura no Estado em entrevista exclusiva à ADI-PR.
A eleição foi acirrada, decisão apertada e até contestada. Agora, como o senhor pretende unir os industriais em projetos comuns em interesses ao Paraná?
Martins – Tivemos a presença de 100% dos sindicatos da indústria habilitados a votar. Essa participação expressiva mostra a importância que Fiep, Sesi, Senai e IEL têm para a indústria do Paraná. A partir de agora, é preciso ficar claro que o Sistema Fiep existe em função da indústria de todo o Paraná. E toda a indústria do Paraná tem que ser beneficiada pelos serviços prestados pela casa. Agregando valor a esses serviços, para o bem da indústria, vamos conseguir a união de todos.
Quais são os planos da Fiep para o interior?
Martins – Pretendemos valorizar a indústria do Paraná como um todo. A Região Metropolitana de Curitiba ainda prepondera porque concentra a maioria das indústrias, mas existem importantes polos industriais em todas as regiões do Estado. Precisamos fomentar que, cada vez mais, as diferentes regiões tenham apoio tecnológico e de formação profissional para que suas indústrias consigam evoluir, agregar mais tecnologia e produtividade. Assim, teremos cada vez mais produtos importantes e a evolução da indústria regional. O Sistema Fiep tem condições de prestar esse apoio e é o que vamos fazer.
As reformas e o pacto federativo são considerados importantes para a retomada do crescimento e dos investimentos no País. É esse o roteiro para o País sair da crise, ampliar o consumo e abrir novos postos de trabalho?
Martins – Precisamos recuperar nossa condição competitiva. Com essas reformas, como a da Previdência, e esperamos também a Tributária e até a Política, podemos dar um passo à frente no Brasil. Temos uma situação de déficit fiscal que não pode persistir, e a Previdência é um dos componentes principais. Precisamos combater isso para que consigamos ter uma retomada do crescimento econômico. Somos a quinta população do mundo, temos um grande mercado e precisamos fazer com que esse mercado seja potencializador para a evolução da indústria, gerando empregos, renda e riquezas para toda a sociedade.
No caso do Paraná, as obras de infraestrutura, ferrovia Dourados (MS)-Paranaguá, novo porto, concessão de 4 mil quilômetros de estradas, faixa de infraestrutura do litoral… São esses os nossos gargalos? Como a Fiep avalia essas propostas do governo do Estado?
Martins – Sem dúvida alguma, aprimorar a nossa infraestrutura é um dos caminhos para reduzir custos e aumentar a competitividade da indústria paranaense. Existem melhorias que precisam ser feitas em todos os modais de transporte. As soluções para esses gargalos passam por uma união de esforços entre poder público e iniciativa privada, dependendo de planejamento e investimentos. Vamos atuar em parceria com as demais entidades representativas do setor produtivo do Paraná, articulando com as diferentes esferas governamentais para buscar a viabilização das obras necessárias.
A indústria brasileira está preparada para uma disputa mais agressiva?
Martins – Tenho 38 anos como industrial e nunca vi uma crise tão perniciosa e tão duradoura como esta. E ela provocou feridas profundas no meio produtivo do País. Esses anos de crise tiraram muito da capacidade do investimento na tecnologia e na evolução da qualificação em função de custos de um mercado recessivo. Agora é hora de retomar isso e a nossa casa existe para prestar esse apoio. A indústria do Paraná e a do Brasil precisa de evolução tecnológica para aumentar a produtividade para buscar competitividade. Com a representação da Fiep e, principalmente, com os serviços que temos dentro do Sistema Fiep, tanto o Senai na questão da qualificação profissional e no apoio tecnológico, quando no Sesi em relação à saúde e segurança do trabalhador, e o IEL, estamos prontos para auxiliar nessa retomada.
O País terá de qualificar 10,5 milhões de trabalhadores para o setor industrial até 2023. Como essa qualificação pode ser agilizada pela Fiep?
Martins – O Paraná e o Brasil têm um grande desafio pela frente no que se refere à qualificação técnica para que especialmente a indústria aumente competitividade e produtividade por meio da tecnologia. Porém, é importante olhar essa questão não pelo viés da ameaça, mas das oportunidades trazidas por essa nova realidade. A indústria é um excelente lugar para o desenvolvimento de carreiras. Hoje, os avanços tecnológicos e a normatização que existem sobre a indústria a tornaram muito atrativa para quem quer ingressar em uma carreira mais técnica. Nesse processo, o Sistema Fiep, por meio do Senai, possui uma ampla estrutura e conhecimento para capacitar trabalhadores dos mais diversos setores, já levando em conta as últimas tendências que têm sido aplicadas na indústria. Queremos agregar cada vez mais valor a essa formação, preparando os profissionais que a indústria vai demandar quando houver uma retomada efetiva dos investimentos e da produção.
A Fiep integra o G7 que articula no Estado alcançar os objetivos do milênio, que alia da erradicação da pobreza ao desenvolvimento sustentável. Como alcançar essas metas?
Martins – O Sistema Fiep, por meio do Sesi, tem sido, desde 2004, um dos principais articuladores para a mobilização da sociedade paranaense em torno dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Entendemos que o desenvolvimento de uma indústria forte e responsável, capaz de gerar empregos de qualidade, renda e riquezas, pode contribuir para o alcance de diversas das metas estabelecidas pela ONU, mas esse é um esforço que deve envolver todos os setores da sociedade. O meio ambiente deve ser preservado e a indústria cada vez mais desenvolve soluções e tecnologias para aplicar práticas sustentáveis a seus processos produtivos. O que ocorre é que, no Brasil, criou-se uma burocracia excessiva especialmente para licenciamentos ambientais, que acaba retardando e elevando custos para investimentos produtivos, muitas vezes até inviabilizando alguns deles.
Da Redacão ADI-PR Curitiba