Deputados estaduais, representantes do setor produtivo paranaense e autoridades públicas se reúnem na próxima segunda-feira (29) para debater os impactos da ausência de negociação entre o Brasil e os Estados Unidos após a potência norte-americana aplicar tarifas de até 50% a produtos nacionais, em vigor desde o início de agosto. A audiência pública ocorre às 11h, no Plenarinho.
O evento é organizado pelo presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Alexandre Curi (PSD), junto ao deputado Hussein Bakri (PSD), líder do governo na Alep, e parlamentares que lideram colegiados que representam diferentes segmentos econômicos no Estado.
Para além da análise das consequências, a audiência pública discutirá caminhos para reduzir impactos sociais e econômicos, bem como sensibilizar os governos brasileiro e americano para a necessidade de negociação em torno das tarifas. Os participantes também analisarão alternativas para manter a competitividade dos setores e preservar empregos.
“Além de aumentarmos o apelo pelo início efetivo das negociações entre os governos, aproveitando a disposição mostrada pelo presidente Trump durante a conferência da ONU, vamos debater, também, medidas paliativas que o Estado pode adotar diante deste impasse, como a liberação de créditos de ICMS, incentivos ao mercado interno e diferimento na tributação”, afirma Alexandre Curi. Na última terça (23), Trump convidou o presidente brasileiro para uma conversa durante o discurso proferido na Assembleia-Geral. O encontro deve ocorrer na próxima semana, segundo a Agência Brasil.
Dentre as participações confirmadas, estão representantes da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente. O setor figura entre os mais afetados, com casos de demissões em massa, férias coletivas e risco de fechamento de empresas, uma vez que não há alternativas de mercado em escala semelhante ao norte-americano. Outra presença confirmada é a de representantes da Federação das Indústrias do Paraná.
Relembre
O “tarifaço” foi mais um desdobramento da guerra comercial empreendida por Trump desde o início de seu mandato. Em 2 de abril, o líder dos EUA impôs barreiras alfandegárias a países de acordo com o tamanho do déficit que os Estados Unidos têm com cada nação – como a balança comercial com o Brasil é superavitária, o país teve taxa de 10%, a mais baixa. No entanto, alegando retaliação a decisões que prejudicariam big techs e em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente norte-americano Donald Trump ampliou as tarifas para 50% no dia 6 de agosto.
Em nível nacional, a medida afeta 35,9% das mercadorias enviadas ao mercado estadunidense, o que representa 4% das exportações brasileiras. A taxação teve efeito imediato: a exportação destes produtos teve queda de 22,4% em agosto, em comparação ao mesmo mês de 2024.
O Paraná figura entre os estados mais impactados pelo tarifaço, uma vez que nenhum dos principais produtos do Estado foi contemplado nas quase 700 exceções às alíquotas definidas pelos EUA. De acordo com levantamento do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), considerando os itens exportados pelo Estado aos EUA em 2024, apenas 2,7% estão na lista de exceções (US$ 42,4 milhões de um total de US$ 1,59 bilhão).