Altônia – Uma operação de rotina de policiais federais lotados na Delegacia de Guaíra na madrugada de ontem (11) por pouco não termina em tragédia. Um agente foi ferido a tiro por um contrabandista de cigarros.
A abordagem ocorreu em um porto clandestino no município de Altônia, onde cerca de 15 lanchas eram descarregadas com centenas de caixas de cigarros contrabandeados do Paraguai para o Brasil. Quando a PF fez a abordagem, estavam no local cerca de 60 pessoas que tiravam as caixas das lanchas e as acomodavam em veículos. Nesse momento, parte do grupo reagiu a tiros. Ao menos cinco lanchas foram interceptadas e as demais conseguiram fugir pelo rio. Ninguém foi preso.
O policial está fora de perigo, mas os episódios de enfrentamento por parte dos contrabandistas fez com que grupos táticos e policiais das delegacias de Cascavel, Foz do Iguaçu e Guaíra se unissem em uma força-tarefa. A partir de hoje ocorre uma varreduras às quadrilhas de contrabando de cigarros em toda a fronteira do Brasil com o Paraguai.
Segundo o delegado-chefe da PF em Cascavel, Marco Smith, essa foi a primeira vez nos últimos dez anos que um policial é ferido a tiros durante uma abordagem, mas há pouco mais de um mês outro grupo teria revidado a tiros contra militares do Exército. Na ocasião, um suspeito foi morto. “As quadrilhas estão se armando, enfrentando cada vez mais e estão tentando avançar, não vamos deixar que isso aconteça”, assegura o delegado.
Assim, o cerco promete se fechar para ao menos 30 quadrilhas, a maioria de médio porte, que hoje entra no País com boa parte do cigarro contrabandeado que abastece o mercado clandestino no Brasil.
Os grupos, que possuem faturamento milionário, atuam mais fortemente nas regiões de Altônia, Guaíra, Mercedes, Pato Bragado e no Mato Grosso do Sul, onde há, inclusive, o envolvimento direto do crime organizado.
Estrutura
Para essa operação, serão utilizadas lanchas, inclusive as blindadas que pertencem à PF, e um helicóptero. A aeronave servirá para localizar os pontos de concentração das quadrilhas, além dos portos clandestinos ao longo do Lago de Itaipu.
Os portos correspondem a clareiras abertas na barranca do rio onde as lanchas atracam. Ali elas são descarregadas com os cigarros, outros produtos contrabandeados e até mesmo armas e drogas. As cargas são colocadas em carros de passeio e caminhões, de onde partem para depósitos na região ou ganham rodovias federais para chegarem ao destino.
Existem hoje na região de 150 a 200 portos clandestinos onde todas as noites mais de 400 lanchas atracam com mercadorias ilegais vindas do Paraguai.