Cascavel – O motorista acusado de matar a tiros o jovem Ailson Augusto Ortiz, de 21 anos, em uma briga de trânsito foi preso pela Polícia Civil no final de sexta-feira (25) em cumprimento a um mandado de prisão preventiva expedido pelo Poder Judiciário. Elias da Silva Pires, de 54 anos, se apresentou na DH (Delegacia de Homicídios) acompanhado do advogado de defesa, Verli José de Farias.
O condutor do veículo Renault Fluence se envolveu em uma discussão com o motociclista na última quinta-feira (24), na Rua Cuiabá, no Bairro Neva. Em determinado momento, ambos pararam os veículos e começaram a discutir, até entrarem em vias de fato. Imagens de câmeras de monitoramento mostraram o motorista sacando uma arma de fogo e atirando contra o jovem, que morreu no local.
No dia do homicídio, investigadores da DH fizeram buscas, mas não encontraram o atirador. No imóvel onde ele mora foram apreendidas duas espingardas, munições e uma arma calibre 22, exceto a pistola .380 que foi utilizada no assassinato. Conforme a Polícia Civil, o condutor possui o registro CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), mas não poderia estar portando a arma de fogo pelas ruas. Entretanto, segundo o advogado de defesa, o motorista estaria se dirigindo para o clube de tiro. “Há dois anos e meio ele é atirador, tem o CAC. Ele teria levado o filho para a escola e estaria a caminho do clube”, contou Verli.
Ainda de acordo com a defesa, a arma usada no crime foi entregue à Delegacia de Homicídios e o acusado diz estar arrependido. “No ato da ação, automaticamente ele se excedeu. Foi um momento de emoção inexplicável. A família perdeu um filho, mas ele também se sente muito abalado”, disse o advogado. Questionado sobre a forma como foram efetuados os disparos, o advogado afirmou que “não houve um terceiro ou quarto disparo pelas costas enquanto a vítima estava caída”.
Prisão preventiva
Com o mandado de prisão preventiva expedido, o acusado recebeu voz de prisão tão logo se apresentou a autoridade policial de foi levado à carceragem do Depen (Departamento de Polícia Penal) e fica à disposição da Justiça. O delegado Diego Valim relatou que diante da gravidade do crime, foram tomadas todas as providências para decretação da prisão preventiva do acusado “para que não saísse livre, pela porta da frente da delegacia, devido a gravidade do crime”.
O delegado reforçou ainda que a Delegacia de Homicídios “cumpre seu papel e não deixa que nenhum autor de crime grave venha prestar seu depoimento e saia pela porta da frente”. A Polícia Civil tem 30 dias para concluir o inquérito e encaminhá-lo ao Ministério Público, órgão responsável por oferecer a denúncia ao judiciário.
O Código Penal diz que nestes casos a acusação é de homicídio qualificado, com duas qualificadoras. Uma por motivo fútil e outra por dificultar a defesa da vítima. A pena chegar até 30 anos de detenção.
MANIFESTAÇÃO
Familiares e amigos de Ailson Augusto Ortiz se reuniram em frente à 15º Subdivisão Policial de Cascavel para fazer uma manifestação pacífica, porém, inconformados com a situação pedindo justiça pela morte do jovem. A prima do motociclista, Zenaide Ortiz, falou com a imprensa sobre a manifestação realizada pelos entes queridos de Ailson. “Nós queremos uma resposta, porque sabemos que a justiça de Deus será feita, mas também queremos a justiça humana”, disse.
A prima de Ailson reafirmou que toda a família e completou: “Queremos que o motorista pague por cada lágrima que a família derramou. Estamos em choque, abatidos, porque perdemos uma grande pessoa, um menino de ouro”. Ailson foi velado na Capela Mortuária do Bairro Santa Cruz e sepultado no Cemitério Jardim da Saudade, no Bairro Guarujá. A namorada do jovem usou as redes sociais para publicar uma mensagem de despedida. “Eternos namorados e para todo sempre juntos, mesmo que em planos diferentes. Te amo demais, meu amor”, escreveu.