A mãe de Rachel Genofre, Maria Cristina Lobo, disse que sentiu “um pouco de alento” após a condenação a 50 anos de prisão do homem acusado de matar a menina e esconder o corpo dela dentro de uma mala.
O crime aconteceu em 2008. Carlos Eduardo dos Santos foi condenado na noite de quarta-feira (12) pelo Tribunal do Júri de Curitiba por homicídio triplamente qualificado mediante meio cruel, asfixia e ocultação do corpo e por atentado violento ao pudor.
Rachel foi encontrada morta em novembro de 2008. O corpo foi achado com sinais de violência sexual dentro de uma mala na Rodoferroviária de Curitiba. Carlos Eduardo foi identificado por um exame de DNA 11 anos após o crime.
“É um pouco de alento agora ver que este monstro vai estar pagando por este crime hediondo que ele cometeu”, disse Maria Cristina Lobo.
O réu, que já estava preso por outros crimes, foi ouvido por teleconferência. Carlos Eduardo foi condenado por 4 votos a 1.
“Ela infelizmente a gente não tem como trazer de volta, mas é uma vitória muito grande para as nossas crianças. É um motivo a mais para agente lutar pela proteção deles todos”, disse a mãe.
O caso
Rachel tinha nove anos quando desapareceu. Ela saía da escola onde estudava, no Centro de Curitiba, no fim da tarde de 3 de novembro de 2008.
Segundo a acusação, o réu abordou a menina fingindo ser produtor de programa infantil de televisão no momento em que ela saia da escola.
Ele convenceu Rachel a acompanhá-lo até o endereço em que estava hospedado. À polícia, Carlos Eduardo contou que a menina queria avisar os pais, mas que ele a convenceu de que era melhor ela falar com eles depois.
No julgamento, ele disse que abusou da criança, mas disse que não matou Rachel. Ele não deu detalhes sobre como foi abordagem.
Conforme a Polícia Civil, além de matar Rachel, Carlos Eduardo vinha cometendo outros crimes há mais de 30 anos. O primeiro deles, em julho de 1985, conforme o delegado, foi abuso sexual contra uma menina de quatro anos na cidade de São Vicente (SP).
Investigação
O corpo de Rachel foi encontrado enrolado em lençóis dentro de uma mala na rodoviária dois dias depois do desaparecimento, com sinais de violência e estrangulamento.
As câmeras de vigilância interna do local não estavam funcionando, segundo a administração.
Após o suspeito ser identificado, a polícia informou que diversas outras amostras de DNA foram analisadas ao longo dos mais de 10 anos de investigação.
No caso de Carlos Eduardo, a polícia afirmou que foram feitos dois exames, sendo um deles uma contraprova.
O que dizem as defesas
O advogado de defesa de Carlos Eduardo, Roberto Rodrigues, disse que vai analisar a sentença condenatória “para manejar eventual recurso de apelação, sobretudo em relação à alta pena aplicada”.
“Entendo que o mérito da acusação restou decidido na noite de hoje pelo tribunal popular, competentes para julgar o caso, não havendo que se falar em decisão contrária ao conteúdo probatório dos autos pelo conselho de sentença. Carlos Eduardo foi levado a julgamento e a sociedade curitibana deu seu veredito”, afirmou.
Já o advogado da família, Daniel da Costa Gaspar, afirmou que esta data ficará guardada na memória todos aqueles que lutaram por justiça em nome de Rachel Genofre, e em defesa das crianças e das mulheres.
“O dia 12 de maio de 2021 entrará na história da sociedade paranaense e brasileira, como o dia em que a justiça enfim foi feita, em um dos casos de assassinato e violência contra a infância, mais bárbaros ocorridos na nossa história. Abusadores e criminosos sexuais não passarão impunes. Que nenhuma criança se sinta insegura, que o estado cumpra seu papel de proteger seus cidadãos e evitar que crimes bárbaros como este ocorram novamente, e que a sociedade lembre-se sempre da memória de Rachel, para que outras vidas de crianças e adolescentes sejam salvas”, disse.
Fonte: Portal G1