Não é surpresa que o presidente Jair Bolsonaro ansiava pelo encontro com sua “inspiração” Donald Trump. Nas imagens oficiais, os dois mais pareciam amigos que sentavam para trocar figurinha de álbum. Não chegou a tanto, ficaram nas camisas de seleções de futebol personalizadas.
Do discurso nacionalista à paixão pelo Twitter, os dois líderes tentaram estreitar outras práticas, desta vez na esfera comercial. Em texto divulgado pela Casa Branca, Brasil vai importar 750 mil toneladas de trigo dos EUA a taxa zero e os americanos marcarão visita técnica para avaliar carne bovina brasileira.
Os detalhes do acordo firmado entre ambos devem ser explorados ao longo dos próximos dias. E é necessário. Até porque, pelo que se soube até agora, o Brasil entregou vários “presentes”, mas saiu de mãos vazias, com promessas.
Os dois trocaram juras de reduzir barreiras comerciais e de investimentos. Contudo, espera-se que os setores internos sejam consultados e essa troca seja bem pesada. Não podemos abrir mão de produção local por uma cadeira na OCDE ou na Otan, conforme Trump prometeu a Bolsonaro. Também vale pesar qual a contrapartida para a proposta de um fundo de US$ 100 milhões para investimento na Amazônia. Vão investir em quê?
Se nem a “troca” da isenção do visto foi de mano, quem dirá algo que de fato impacte na economia norte-americana.
Por aqui, boa parte dos empresários está otimista com essa aproximação do governo brasileiro com os Estados Unidos. Só precisamos ter uma noção mais real de quais serão nossos sacrifícios e quais benesses de fato virão.
Por Carla Hachmann