Opinião

100 dias no ar

Por Carla Hachmann

Os novos governos fazem seu tradicional balanço de 100 dias. Tirando a tradicional floreada para tentar mostrar mais serviço do que de fato fizeram, esse período tem um outro fator mais importante: é tempo suficiente para os novos gestores perceberem que é muito mais difícil fazer do que prometer.

Na prática, pode-se dizer que esses primeiros 100 dias, tanto do Governo Bolsonaro quanto do Governo Ratinho Junior, foram de ar. Mesmo que eles não admitam.

Na esfera federal, os fatos pitorescos (e alguns polêmicos) ganharam mais a mídia do que as ações. De concreto até agora, apenas o início do trâmite da reforma da Previdência, que parece ter começado a andar no Congresso. De expectativa imediata, o início da discussão da reforma tributária. E é só!

Essa situação tem afligido a todos. É como se tivessem soltado o coelho, mas mantido os cães presos a uma coleira. Loucos para correr, sem conseguir sair do lugar. Tanto que ontem a CNI (Confederação Nacional da Indústria) reduziu em quase dois terços a previsão de crescimento da indústria neste ano com tendência a “daí para pior”.

Cenário semelhante no Paraná, onde o comércio está às moscas e já rezando para que as vendas de Páscoa e Dia das Mães pelo menos empate com as do ano passado.

Esta semana, após dizerem “ok, te aprovamos, governador”, os empresários paranaenses mandaram um recado claro: é preciso tirar da agenda os compromissos assumidos e fazer o que se propuseram a fazer. Pois, a exemplo do cenário nacional, o Paraná viveu 100 dias apenas no abstrato.