
?Eu penso em como a minha vida mudou, e eu só rio?, disse à rede americana CNN. Sua casa no estado de Maharashtra, de um só cômodo, não possui água encanada ou refrigeração. O remador alterna os treinos ao cuidado da plantação de cebola, para a qual precisa caminhar, sob o calor de 45ºC, até os poços do vilarejo dada a falta de um sistema de irrigação que responda às erráticas chuvas das monções.
Depois que o pai morreu, em 2011, Bhokanal vendeu os bens para pagar as dívidas. Ao chegar no batalhão de Pune, não conseguia acreditar na imensidão de água que via à frente, sobre a qual os colegas praticavam remo. No começo, questionou por que tanta água servia ao esporte enquanto a área rural padecia com a seca. Quebrado o gelo inicial, foi encorajado a treinar ? mas duvidava que conseguiria ao cair repetidas vezes da canoa.
Outros enxergaram a longo prazo: o atual treinador Paul Mokha lembra do dia em que viu o remador em ação pela primeira vez. ?Eu vi todos aqueles homens no remo e imediatamente eu pensei ?Quem é aquele ali?? Ele tinha um jeito muito natural de se mover na água?, ressaltou Mokha.
?Quando eles me disseram que eu havia me classificado para a Olimpíada e que eu iria ao Rio, eu nem sabia o que queriam dizer?, disse Bhokanal, cujo objetivo do êxito no esporte era ascender nas patentes militares e melhorar o salário para ajudar a família.
Por mês, ganha US$ 400 para colaborar no sustento de duas irmãs e da mãe, hospitalizada por conta de uma queda que resultou em amnésia total. Nestas condições, Bhokanal confia que pode ? e deve ? levar uma medalha de volta para casa.
?Eu tenho tantos problemas em casa. Meu pai está morto, minha mãe está paralisada, nossos campos estão secos, estamos em dívidas. Preciso ganhar?, afirmou à rede americana.