Cascavel e Paraná - Cascavel – O fim de semana em Cascavel será especial e nostálgico para quem gosta de futebol. Neste sábado (6), no velho Ninho da Cobra, serão realizados jogos com craques que foram descobertos pelo técnico Elói Kruger. A festa esportiva será seguida de um churrasco, organizado pelos próprios atletas. Tudo isso para comemorar os 75 anos de Elói Kruger, o descobridor de talentos, que se completarão neste domingo, 7 de setembro.
Elói estará comemorando 75 anos de vida e 55 como técnico e se encontrará com muitos que outrora sonharam ser jogadores de futebol profissional, mas poucos chegaram lá. Nestes 55 anos, Elói diz que trabalhou com mais de 500 atletas. Entre os jogadores que foram lapidados por ele estão Jean Carlo (jogou no Palmeiras), Maisena (São Paulo, Internacional e Fortaleza), Alcindo (Flamengo e ídolo no Japão) e Capitão (Portuguesa, São Paulo e Grêmio).
“Foi muita gente, que descobrimos nas mais variadas formas e locais, como campos de terra, escolas, a quadra da Praça Wilson Jofre, clubes e também alguns que nos procuraram durante os treinamentos. O mais importante foi a amizade que ficou: deles para comigo, eu para com eles e entre eles. A maioria não fez carreira, mas se tornaram cidadãos, boas pessoas, bons pais. Será uma alegria reencontrar pessoas que há muitos anos não vejo”, frisa Elói.
Só um lamento
Elói se diz feliz e realizado por tudo que fez no futebol, mas tem um só lamento. Queria que seus pupilos Zé Moro, Maximino Manoel (Max), Hélio Maurício, Levino Vaz (Cafu), Paulo Medeiros, Anderson (Pilica), Toninho, Renan, Gedeon e Silmar tivessem se tornado jogadores profissionais. “Gostaria de ter visto mais de 100 atletas com quem trabalhei se tornarem jogadores profissionais. Mas estes até hoje lamento. Os motivos foram variados. Eles eram craques que poderiam ter chegado à Seleção Brasileira pelo talento”, exclama Elói.
Ele conta que levou Silmar para o Vasco e, depois de um período no Rio de Janeiro, ele retornou a Cascavel. A comissão técnica do time carioca ligava para Elói todos os dias pedindo que Silmar voltasse. “Eles imploravam pelo retorno. Diziam que ele seria ídolo no time, e olhe que o Vasco tinha na época ninguém menos do que Roberto Dinamite. Diziam: professor, faça com que ele retorne. Ele é jogador para logo chegar à Seleção Brasileira. Insisti muito com o Silmar até que um dia ele me falou que seu desejo era criar a própria empresa. Entendi que ele tinha um objetivo, uma meta”, relembra.
Com a sabedoria de “professor”, Elói conta que “a partir daí não toquei mais no assunto e comuniquei aos cariocas que a decisão dele era não ser jogador profissional. Silmar ficou em Cascavel, jogou em diversos times de futsal e futebol de campo e fundou uma transportadora, hoje uma das maiores do Brasil”.
Títulos e Reconhecimentos de Elói Kruger
Elói é um colecionador de títulos. Ganhou todos os campeonatos locais e regionais em que participou, mas considera que a conquista dos Jogos Abertos de 1985 com a Seleção de Cascavel foi uma das mais importantes da carreira. O título foi invicto e muitos jogadores subiram para o time profissional do Cascavel. Entre estes atletas está Capitão, que na semana seguinte já era titular da Serpente.
Trabalho social
Hoje, com 75 anos, Elói continua na ativa, mas dedica a maior parte do seu tempo ao trabalho social, ainda ligado ao futebol e à base. “Atualmente faço trabalho social no Jardim Colonial, no qual pode participar qualquer jovem, mesmo que não tenha qualidade técnica. Este trabalho não visa rendimento. O importante é participar, visando saúde, sociabilidade, sem disputar competições”, completa.
A Base do Trabalho de Elói e a Evolução do Futebol
Base do seu trabalho
Elói destaca que seu trabalho sempre foi de base, investindo prioritariamente no aspecto físico. “Sempre me preocupei com o aspecto técnico e tático. Isto é fundamental para a formação de um atleta”, acentua. Analisando o passado e o futuro do futebol, Elói destaca que a estrutura dos campos melhorou muito. Tecnicamente, é difícil fazer um paralelo em função das diferentes condições que os atletas do passado viviam e como vivem os de hoje.
Mas o futebol é o esporte do brasileiro e Elói vislumbra que o futsal tem muito a contribuir com o futebol de campo no aspecto técnico. “O futsal pode contribuir para que os jogadores do futebol de campo tomem decisões mais rápidas e precisas, tenham melhor controle de bola, passes mais acertados e jogadas rápidas”, finaliza Elói. (Por Luiz Aparecido)