Cotidiano

Setor público tem rombo recorde

Os números se referem ao resultado primário, que exclui as receitas e despesas com os juros da dívida

Brasília – União, estados e municípios registraram déficit de R$ 23 bilhões em fevereiro, informou ontem o Banco Central. Trata-se do pior resultado para o mês desde 2002, quando começou a série histórica.

O setor consolidado público fechou o bimestre com superávit de R$ 4,9 bilhões, o pior bimestre da série estatística. No primeiro bimestre do ano passado, o superávit foi de R$ 18,8 bilhões.

Os números se referem ao resultado primário, que exclui as receitas e despesas com os juros da dívida. “O resultado deixa evidente o descompasso entre a evolução das receitas e das despesas”, afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

Oficialmente, a meta para o setor consolidado é de poupar R$ 30,5 bilhões. No entanto, o governo barganha do Congresso a possibilidade de fechar o ano no vermelho e sem questionamentos jurídicos.

Na esfera federal, o déficit chegou a R$ 26,4 bilhões no bimestre, segundo a metodologia do Banco Central. Estados, suas estatais e municípios, por outro lado, fizeram superávit de R$ 3,4 bilhões.

O déficit primário, somado ao pagamento de juros, contribuiu para elevar a dívida bruta desses governos, que passou de 65% do PIB em outubro de 2015 para 67,6% do PIB em fevereiro.

Nos últimos 12 meses, o setor público consolidado registrou deficit primário de R$ 125,1 bilhões (2,1% do PIB). Em proporção ao PIB, é o maior deficit que se tem registro.