Cotidiano

Nos trilhos: Ferroeste aumenta cargas e bate recorde de faturamento

A empresa faturou R$ 3,12 milhões em fevereiro, melhor marca de um mês em 30 anos

Foto: Jorge Woll/DER/SEIL
Foto: Jorge Woll/DER/SEIL

Cascavel – A Ferroeste (Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A.) faturou R$ 3,12 milhões em fevereiro de 2019 com a movimentação de 105.973 toneladas de produtos. A marca representa um recorde absoluto da empresa em apenas um mês em 30 anos de história. Os números foram alcançados com o transporte de 68.669 toneladas de granéis, 19.322 em contêineres e 17.723 de produtos industrializados, e representam crescimento de 18,6% no volume de cargas e de 31% no faturamento na comparação com fevereiro de 2018.

No acumulado do ano, o volume de cargas chegou a 210.172 toneladas – aumento de 23,7% em relação ao mesmo período de 2018. O faturamento alcançou R$ 6,08 milhões, 43% a mais no comparativo com o ano passado e 42,3% superior a janeiro e fevereiro de 2017. Nos anos anteriores, os valores absolutos giraram em torno de R$ 4,2 milhões no primeiro bimestre.

Segundo o diretor-presidente da Ferroeste, André Luiz Gonçalves, o desempenho da empresa superou as expectativas, mesmo levando em consideração o período de escoamento da safra de grãos. “É uma notícia muito boa, animadora, principalmente no início de governo. Temos um março mais moderado, mas também perto de R$ 3 milhões. Nós nos preocupamos em melhorar o nosso fluxo ao longo dos 249 quilômetros e também a nossa relação com os clientes e os parceiros nos terminais de Guarapuava e Cascavel”.

Expectativa

A projeção de receita para o ano é de R$ 24,712 milhões, mas, a depender de fluxo similar, a Ferroeste pode fechar 2019 com faturamento de R$ 27 milhões. O resultado deve ajudar a equilibrar um déficit financeiro acumulado dos últimos anos, que passa de R$ 100 milhões. “Temos como meta principal nesse primeiro ano equilibrar a área financeira, o balanço entre despesas e receitas. Podemos alcançar o fim do ano com resultado muito positivo e o governo apoia essa iniciativa”, complementa o diretor-presidente.

Produtos

Além de grãos (soja, milho e trigo), contêineres, cimento e madeira também são escoados pelos trens da Ferroeste em direção ao Porto de Paranaguá. No sentido importação, a empresa transporta principalmente insumos agrícolas, adubos, fertilizantes e combustíveis. A missão é oferecer tarifas mais justas para produtores e cooperativas.

De olho no futuro

A Ferroeste também se prepara para o futuro da infraestrutura do Estado e do continente. Por determinação do governador Carlos Massa Ratinho Junior, a empresa solicitou estudos sobre a nova Ferroeste, ligando Dourados (Mato Grosso) a Paranaguá, e aguarda o processo que vai escolher o novo traçado. O custo total da obra é calculado em cerca de R$ 10 bilhões.

A nova linha de mil quilômetros teria capacidade para transportar 50 milhões de toneladas por ano. Somente a região oeste, já atendida pela Ferroeste, produz 14 milhões de toneladas/ano e estima-se produção de 21 milhões de toneladas/ano nos próximos 15 anos.

Segundo André Luiz Gonçalves, somente o modal ferroviário será capaz de atender grandes volumes de produção por longas distâncias. “Entendemos que nesses primeiros anos precisamos ter em mãos o projeto executivo da nova Ferroeste. O estudo de viabilidade técnica e econômica é fundamental para atrair investidores e sabemos que o Paraná tem sido vitrine para os estrangeiros, principalmente na infraestrutura. O modal ferroviário é fundamental para o futuro, aliado ao modal rodoviário para alimentar esse escoamento e na descarga e distribuição”, afirma.

O diretor-presidente explica que os trilhos da Ferroeste já têm a terceira melhor velocidade comercial do Brasil e devem ajudar o Paraná a desenvolver a sua infraestrutura. “A gente olha o Estado, o setor produtivo muito forte, as grandes cooperativas que continuam crescendo e investindo, que estão entre as maiores da América do Sul. Isso ajuda a economia regional. Já não temos capacidade de atender toda a demanda do oeste e essa é uma preocupação do setor produtivo”, completa.

“Menina” dos olhos do governador

No compasso da preparação dessa nova operação, o Paraná estabelece as raízes para a criação do corredor bioceânico entre o Porto de Paranaguá e o Porto de Antofagasta, no Chile. A ligação de 2,5 mil quilômetros facilitará o escoamento da produção regional e de todo o cone sul para o mercado asiático.

O projeto já foi apresentado pelo governador Ratinho Junior ao presidente Jair Bolsonaro; ao presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez; ao diretor-geral brasileiro da Itaipu, Joaquim Silva e Luna; ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas; e aos embaixadores da China (Yang Wanming) e de Israel (Yossi Shelley).

Parte do corredor passará pela Ferroeste.

Segundo o diretor-presidente da empresa, André Gonçalves, essa é uma rota estratégica para a América do Sul competir internacionalmente. “O Paraná se fortalecerá muito com o corredor bioceânico porque passa a ser um hub estratégico. Isso gera receita, emprego, aumenta o faturamento da Ferroeste, é um expediente perfeito”, destaca Gonçalves. “O governador propaga um movimento político e social de infraestrutura em todo o continente, fundamental para acelerar o desenvolvimento regional. O projeto a médio e longo prazos precisa de um pontapé inicial, essa é a primeira etapa que o governador tem defendido”.