Reportagem: Juliet Manfrin
Cascavel – A Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Cascavel vai pedir ao governo do Estado que intervenha na administração do HU (Hospital Universitário). A intenção é apresentar o requerimento na próxima terça-feira pedindo a ação direta e imediata ao governo.
A gota da água, segundo o presidente da Comissão, o vereador Josué de Souza (PTC), foi a situação encontrada ontem (16) pela manhã durante uma inspeção surpresa. Ele foi acompanhado dos vereadores Roberto Parra (MDB) e Jorge Bocasanta (Pros) – secretário e membro, respectivamente. “Recebi uma denúncia que a UPA Tancredo estava superlotada. Chegamos lá e vimos que existiam 52 pessoas clicadas, esperando leito hospitalar. Saímos dali e fomos ao HU, onde nos deparamos com 20 leitos, de diversas especialidades, vazios. Enquanto o pronto-socorro da UPA estava cheio, o do HU estava vazio”, afirmou.
Ele acrescenta ainda outro aspecto que considera errado: “Existe outro aspecto que não concordamos e pedimos ao secretário [de Estado da Saúde, Beto Preto] para que mude. Os pacientes passam pela regulação do Consamu, mas quem escolhe quem vai ocupar um leito é o médico plantonista do hospital. Quem precisa regular isso é o clínico do Consamu, que sabe a gravidade de cada paciente”.
Outra constatação diz respeito ao período de algumas internações no Hospital Universitário. “Encontramos dois pacientes, um internado há sete dias tomando remédio para dor e outro há dez dias, ambos esperando uma cirurgia. Parece que estão segurando os pacientes por mais tempo para não liberar os leitos e dizer que está tudo preenchido”, denunciou.
Para Josué, a ação do governo precisa ser imediata: “O Estado precisa intervir no HU, não dá mais para aceitar isso (…) Diante da conversa que tivemos com o secretário, acredito que exista uma sinalização positiva para a intervenção. Ele está descontente com o que vem acontecendo no HU”, completou.
Auditoria
Apesar de não ter sido notificada ainda sobre a visita e o pedido de intervenção, ontem mesmo a Sesa afirmou que, “sobre os leitos vazios, a auditoria da Regional de Saúde elaborará relatório para esclarecer se havia ou há leito disponível e cobrará explicações para as eventuais irregularidades encontradas a fim de serem tomadas as providências pertinentes”.
A Comissão de Saúde da Câmara também pediu o fim do pagamento de plantões que são cumpridos a distância. “Um cardiologista de plantão que está em casa, se chegar alguém enfartando, morre até que ele chegue ao hospital”, alertou Josué.
Justificativas e encaminhamentos
No HU, o vereador Josué de Souza disse ter sido recebido pelo diretor administrativo, Rodrigo Suzuki. “Quando identificamos os leitos vazios, nos disseram no hospital que alguns haviam sido desocupados no dia anterior e que outros precisam ficar como reserva no caso de alguma emergência… mas enquanto isso as UPAs seguem superlotadas”, reclama.
Segundo o vereador Roberto Parra, logo após a inspeção, cinco pacientes foram transferidos da UPA para o HU.
A Secretaria Estadual de Saúde informou que, “sobre a questão de superlotação das UPAs, a Regulação de Leitos Macrorregional busca leitos em toda a região e de acordo com a condição clínica de cada caso. Auditorias têm sido realizadas e estão sendo discutidos meios de ampliar a assistência, tanto no Hospital Universitário como nos demais prestadores contratualizados pelo Estado”.
Ainda segundo a secretaria, em uma reunião da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores com o secretário Beto Preto no dia 2 deste mês foram abordados diversos assuntos, inclusive a questão do Hospital Universitário. “Ações estão sendo providenciadas e estudos/auditorias realizados para definir quais medidas serão eficientes na ampliação dos atendimentos por parte do HU”, acrescentou a secretaria.
O HU foi procurado para falar sobre os leitos vazios, mas até o fechamento desta edição não havia se pronunciado.
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