MADRI ? O chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo, classificou nesta quarta-feira de ?absolutamente delirante? a acusação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, segundo a qual a imprensa espanhola orquestra uma campanha de ataques contra o seu regime para justificar uma intervenção militar estrangeira.
? Ninguém defende a tese de que há uma conspiração, isso é absolutamente delirante como cogitação e felizmente ninguém acredita nisso ? afirmou o ministro em declarações à televisão pública espanhola. ? Pensar que ?ABC? ou ?El País? podem derrubar o governo é realismo mágico.
Na véspera, em uma coletiva de imprensa em Caracas, Maduro havia denunciado campanhas na mídia contra ele.
? É brutal a avalanche de ataques por rádio, imprensa, televisão, todos os dias ? afirmou o presidente venezuelano, mostrando a primeira página do jornal conservador espanhol ?ABC? de segunda-feira com sua imagem e a manchete ?EUA preveem que Maduro não terminará mandato?.
Também mostrou um editorial do ?El País? de janeiro intitulado ?Emergência na Venezuela?, no qual o jornal de centro-esquerda convoca a ?pôr fim à charada populista?, e uma primeira página do ?El Mundo?, de centro-direita, com a manchete ?Maduro exibe poderio militar em meio a denúncias de autogolpe?.
O presidente acusou opositores venezuelanos em Madri de estarem por trás destes artigos.
? Eles estão montando um cenário de violência para justificar uma intervenção estrangeira de caráter militar ? afirmou.
EMBAIXADOR VOLTA A CARACAS
Ao mesmo tempo, o chanceler ordenou o regresso do embaixador espanhol a Caracas. Antonio Pérez Hernández havia sido chamado a Madri para consultas em 8 de abril em protesto contra críticas de Maduro ao governo de Mariano Rajoy. Na ocasião, Maduro acusou Rajoy de ser ?racista, lixo corrupto e colonialista?.
O ministro explicou que ordenou a volta devido à presença na Venezuela do ex-presidente do Governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, que tenta mediar o diálogo entre governo e oposição. Na segunda-feira viajará ao país o líder do Cidadãos, Albert Rivera. Além disso, na Venezuela há 400 mil espanhóis com dupla nacionalidade ?que necessitam de proteção?, disse García-Margallo. Para ele, a Venezuela se encontra em uma situação completamente impossível.