Cotidiano

Artigo: O atentado que Londres temia há meses

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O que as autoridades britânicas temiam aconteceu. A ameaça terrorista que pesa sobre o Reino Unido há meses resultou em três mortes e dezenas de feridos no coração de Londres. Os serviços de inteligência e segurança do país asseguram que nos últimos três anos conseguiram desbaratar 13 atentados. Por esta razão, o país era submetido a um elevado nível de alerta em termos de segurança: quatro numa escala de cinco. Em linguagem de especialista, isso significa “alta possibilidade de atentado”.

No entanto, o Reino Unido parecia desfrutar de um relativo período de tranquilidade desde maio de 2013, quando dois islamista britânicos mataram um soldado com uma arma branca em uma rua ao Sul de Londres. Antes, em 2005, quatro fanáticos da mesma nacionalidade haviam provocado a morte de 52 pessoas em dois ataques suicidas em estações de metrô e de ônibus.

Não, a insalubridade nos protege. O Reino Unido, como o resto dos países europeus, conta em seu seio com uma considerável comunidade islâmica com grupos radicais. E quando o terrorismo começou a assolar o continente, as autoridades tomaram medidas de controle mais restritivas. Mas os Estados de Direito não podem aplicar métodos de vigilância totalitária. O chamado risco zero é impossível de alcançar.

Os mistérios que rodeiam o atentado não durarão muito. Já se sabe que o atacante era um terrorista islamista e em poucas horas se conhecerá sua identidade, sua história pessoal e suas motivações.

Mas, quando se trata de semear o terror, as casualidades raramente existem. Este ataque brutal é semelhante ao cometido em 14 de julho passado na cidade francesa de Nice, quando um desequilibrado, aos gritos de “Alá é grande”, jogou um caminhão sob a multidão que assistia às comemorações da festa nacional, tirando a vida de 85 pessoas e ferindo outras 331. Em 19 de dezembro, outro atentado idêntico em uma feira natalina em Berlim, matou 12 e deixou dezenas de feridos. Em 22 de março do ano passado, os ataques suicidas em Bruxelas deixaram 32 mortos e 340 feridos.

?Embora seja muito cedo para afirmar isso, a marca do fanatismo islamista inspirado pleo Estado Islãmico plana hoje sobre os mortos e os feridos de Londres?, afirmou Pierre Martinet, ex-agente do serviço antiterrorista francês, direto da capital britânica.

A palavra chave nesta declaração é, em efeito, ?inspirado?.

?Cada vez com mais frequência os indivíduos que cometem esses atos terroristas são desequilibrados que decidem agir em nome do Estado Islâmico?, indicou Martinet.

Assim aconteceu recentemente em Paris, quando um homem armado com um facão atacou os militares que patrulhavam o ?Le Carrousel? do Museu do Louvre. Isso se repetiu de forma parecida no sábado, 18, no aeroporto de Orly.

?Os dois ataques parecem ter sido formualados por mentes perturbadas, sem nenhum vínculo orgânico com os responsáveis do EI?, declarou o especialista italiano em terrorismo, Raffaello Pantucci, diretor do Instituto Internacional de Estudos de Segurança de Londres.

A explicação para esse fenômeno é simples: o movimento radical islamista fundado por Abu Bakr al-Baghdadi parece estar à borda de um colapso: são assediados na cidade iraquiana de Mosul pelas forças antijihadistas e ameaçados em seu próprio reduto sírio de Raqqa.

Com as tropas da aliança internacional a 15 km da ?capital? do califado, os responsáveis do EI seguramente têm outras preocupações além da organização de atentados no exterior.