Cotidiano

Após despencar 62%, comércio de carros novos se recupera

Cascavel é o centro de vendas na região

Foto:Fábio Donegá
Foto:Fábio Donegá

Cascavel – A pandemia do novo coronavírus e as medidas de isolamento social fizeram o comércio de veículos novos despencar 62,24% em abril no Paraná. Enquanto em abril de 2019 houve 20.180 emplacamentos, em abril deste ano foram 7.620. Os números são da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

Após um período preocupante, as concessionárias de Cascavel já percebem a retomada das negociações. “A retomada veio com força total. Nos sete dias seguintes à reabertura, as vendas já foram muito boas e estão se mantendo, correspondendo ao esperado. Não podemos comparar com o período imediatamente anterior, porque vínhamos de vendas de fim de ano e de eventos como o Show Rural, mas, proporcionalmente ao ano, a retomada foi de 75% na comercialização de veículos novos”, conta o gerente de vendas Cassiano Soares.

Diretor de vendas, Cláudio Ferst também percebeu aumento na procura: “A média de vendas está voltando e a previsão é de recuperação gradual nos próximos meses, com normalidade em novembro ou dezembro. A diferença para o período pós-pandemia é que hoje o cliente vem via rede social, como Facebook, WhatsApp e Instagram”.

Estoques

A maioria das fábricas de automóveis suspendeu e até zerou a produção nos meses de março e abril. Apesar de estoque oriundo da queda das vendas, o ritmo da retomada pode ser mais acelerado que a recuperação da indústria e algumas concessionárias veem risco de faltar algum modelo novo para pronta entrega. “Temos expectativa elevada de vendas, devido à comercialização no atual momento pelo qual passamos, mas esbarramos em condições externas. No nosso caso, os carros vêm de montadoras de São Paulo, da Argentina e de importações que têm as transações feitas em dólar. Em breve poderemos ter redução de estoque ou falta de algum modelo”, explica Cassiano Soares.

Motos e ônibus têm o pior número

O comércio de motocicletas e ônibus foi o mais afetado no Paraná. A queda mais brusca por tipo de veículos foi registrada entre as motocicletas: 72,15%: foram vendidas 4.424 unidades em abril de 2019, contra 1.232 neste ano.

Em relação aos ônibus, houve apenas 60 emplacamentos no último mês, contra 208 do mesmo período no ano passado, queda de 71,15%.

No geral, os emplacamentos de veículos pesados caíram. Os caminhões tiveram queda de 30,48% (830 em 2019 e 577 este ano). Juntos, caminhões e ônibus tiveram 637 emplacamentos em abril deste ano, contra 1.038 em abril de 2019. Em março de 2020, haviam sido feitos 817 emplacamentos.

Entre automóveis (passeio) e comerciais leves (utilitários), foram emplacados 5.025 veículos em abril deste ano no Estado contra 13.445 em abril de 2019, queda de 40,3%. Em março deste ano, haviam sido emplacados 8.423 veículos.

Vale lembrar que o Contran (Conselho Nacional de Trânsito), na Deliberação 185, de 19 de março de 2020, interrompeu “por tempo indeterminado” e “para fins de fiscalização” os prazos “relativos a registro e licenciamento de veículos novos” durante as restrições provocadas pela pandemia, o que pode ter contribuído para a queda do número de emplacamentos.

Usados: Revendas comemoram retomada

No setor de usados, o sentimento também é de retomada na comercialização de veículos em Cascavel. “As vendas caíram pela metade nos meses de março e abril, mas já reagiram. Voltaram mais devagar, mas, se prosseguirem assim, em mais um ou dois meses voltarão ao normal. Quem antes vendia 20 carros por mês vendeu três, quatro, cinco veículos no período. Só nesta semana [a passada] entregamos três carros. Um deles fui levar em Toledo. Cascavel é referência, é o centro de vendas na região. Está havendo procura e o valor dos carros que as pessoas buscam não mudou. O que mudou foi a abordagem de venda, com anúncios pela internet e patrocinados na mídia. Desde a reabertura do comércio vendemos carros de R$ 10 mil, R$ 30 mil e R$ 40 mil. Não há padrão nisso, o que há é oscilação normal de mercado. Sentir a queda todos sentiram, assim como a reação”, explica o consultor de vendas de usados Eduardo Dessanti.