Quando o assunto é morte, muita gente desvia do assunto. Para o técnico José Carlos Cintra, esse é um tema longe de ser um tabu. Ele é uma das 30 pessoas que autorizaram a doação de seus corpos para a da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) assim que falecerem para serem estudados nos cursos das áreas da saúde e biológicas.
Tomar essa decisão há 20 anos, segundo Cintra, foi fácil. “Conheço todo tipo de morte, toda minha vida trabalhei com isso e sei o quanto é triste ver um cadáver em fase de putrefação. Temos três opções após a morte: o sepultamento, a cremação ou a doação para estudo”, lista.
Sua intenção é servir mesmo depois do óbito à sociedade: “A doação vai ajudar a formar novos profissionais que, consequentemente, vão poder cuidar melhor de outras pessoas”, argumenta.
José Carlos é também o primeiro doador em vida da Unioeste.
Não reconhecidos
Hoje, a Unioeste em Cascavel possui 20 cadáveres dissecados usados pelos acadêmicos. Todos são de indigentes.
De acordo com a professora de Anatomia, Célia Cristina Leme Beu, a maior parte dos corpos está fixada em formol.
Ela explica que todos os procedimentos feitos pelos alunos seguem as normas de respeito ao cadáver que consta na Lei 8.501, de novembro de 1992. Quatro são conservados em glicerina, uma nova opção que deve substituir o formol. “Entender a disciplina nem sempre é fácil na teoria, e visualizando dessa forma fica bem mais fácil compreendê-la”, explica a professora.
Vontade do doador
A professora Célia Cristina Leme Beu explica que o doador em vida pode estipular o período em que o corpo vai permanecer à disposição para estudo: “Se a pessoa quiser doar por um ano só, por exemplo, a universidade vai acatar a vontade dele”.
Como fazer
Em vida, as doações podem ser formalizadas por meio de escritura pública. Nela, contêm todas as especificações que o doador deseja. Porém, o documento não é obrigatório e apenas comunicar a família sobre essa iniciativa já basta. O traslado do corpo após os atos fúnebres fica por conta da instituição. Vale lembrar que o cadáver só pode ser doado em casos de morte natural.