Esportes

Wada critica liberação da Rússia e veto a delatora de doping na Rio-2015

A Agência Mundial Antidoping (Wada) criticou a decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI), anunciada no domingo, de não banir todos os atletas da Rússia da Olimpíada do Rio. O comitê executivo da Wada havia recomendado que nenhum atleta russo, de qualquer modalidade, pudesse competir na Rio-2016 após o relatório da comissão independente, chefiada pelo canadense Richard McLaren, apontar participação ativa do governo do país no encobrimento de casos de doping.

– A Wada está desapontada que o COI não tenha seguido as recomendações do comitê executivo baseadas no relatório da investigação de McLaren e que garantiriam uma abordagem avançada e forte. O relatório de McLaren expôs, acima de qualquer dúvida, um programa estatal de doping na Rússia que diminui seriamente os princípios de esporte limpo encorpados pelo código da Wada – afirmou o presidente da Wada, Craig Reedie.

– Enquanto a Wada respeita totalmente a autonomia do COI para tomar decisões, os critérios adotados vão inevitavelmente conduzir a uma falta de harmonização, desafios em potencial e menor proteção para atletas limpos – completou o diretor-geral da Wada, Olivier Niggli.

No domingo, a Agência Antidoping dos EUA (Usada) já havia criticado a decisão do COI, que transferiu para as federações internacionais a responsabilidade de autorizar ou não a presença de atletas russos nos Jogos, levando em conta o volume de testes antidoping realizados nos atletas de cada modalidade. Travis Tygart, CEO da Usada, classificou a decisão do COI como “um golpe significativo nos direitos de atletas limpos”.

VETO A DELATORA RECEBE CRÍTICAS

A Wada também mostrou contrariedade com o veto do COI à meio-fundista russa Yulia Stepanova, delatora do escândalo de doping no atletismo que envolvia treinadores e dirigentes da Federação de Atletismo da Rússia (Araf) e levou à suspensão da Rússia de competições internacionais na modalidade.

Stepanova havia sido autorizada pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF) a competir como atleta independente no Rio, isto é, usando a bandeira olímpica. No entanto, o COI decidiu vetar dos Jogos do Rio qualquer atleta russo que tenha histórico de doping, mesmo aqueles que já cumpriram suspensão. Antes de colaborar com a investigação da IAAF, Stepanova havia sido banido por dois anos por doping, em 2013.

– A Wada foi bastante efusiva em apoiar o desejo de Yulia de competir como atleta independente. Stepanova foi crucial ao expor corajosamente o maior escândalo de doping de todos os tempos. A Wada está muito preocupada com a mensagem que isso manda aos delatores no futuro – afirmou Niggli.