Tem convidado que ainda não sabe o que vestir para a cerimônia de abertura do Rio-2016. Nada de indecisão: na verdade, o design original, creditado geralmente a expoentes do país, não passou na avaliação da impiedosa crítica de moda da internet. Se no Brasil a estilista Andrea Marques virou meme com o escrutínio do desenho do uniforme brasileiro para a entrega de medalhas ? houve quem comparasse o floral amarelo e branco com o figurino de Agostinho Carrara de ?A Grande Família?, foi a vez de geogianos e iranianos reprovarem como os atletas nacionais vão representá-los no próximo 5 de agosto.
Quase sete mil georgianos assinaram uma petição online contra o desenho do look olímpico da delegação, assinado pela tradicional manufatureira da moda local, Samoseli Priveli. A raiz do problema está na inspiração no traje nacional Chokha, que há mil anos vestia os cidadãos de casaco de lã de gola alta. Há duas décadas, sob o domínio soviético, o costume sumiu das ruas. Agora, tem ensaiado a volta ? nada que justificasse, na opinião dos internautas, tal exposição a um bilhão de pessoas aguardadas em audiência da festa no Maracanã.
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Enquanto Andrea Marques justificou que tentava mexer nos clichês nacionais e que os uniformes não estavam prontos à época da divulgação, Samoseli sustentou que o traje era uma versão moderna do Chokha, um resgate à autêntica cultura do país. Segundo o design original, mulheres portariam vestidos brancos longos sob casacos vermelho escuro ? chapéus e bolsas a combinar ? e os homens vestiriam ternos pretos com enfeites no mesmo tom de vermelho.
?É uma pena que a época comunista nos fez tão descolados de nossa cultura nativa que tomamos tudo o que é georgiana como algo extraterrestre?, lamentou a estilista em postagem no Facebook.
Na mesma rede social, o membro da ONG Iniciativa Democrática da Geórgia, Giorgi Mshvenieradze, criticou que o traje parecia com as instituições Estatais: ?Empenham-se no passado mais que no futuro, as cores de 1990?.
Já o professor universitário Merab Basilaia brincou que a roupa cobriria todo o corpo dos atletas para protegê-los do mosquito que transmite o Zika vírus. Mais sério, o ex-ministro das Relações Exteriores do país Salome Zourabichvili ressaltou que a roupa não era ?esportiva nem georgiana?.
O estilista Mahnaz Armin tampouco escapou da rejeição cibernética ao revelar a ideia da roupa da delegação iraniana. No caso dele, repercutiu rapidamente no alto escalão do país: as autoridades afirmaram que vão rever a versão original. O traje, pelo jeito, só agradou aos amantes dos memes, que se apressaram em comparar o desenho às borrachas Pelikan ? brincadeira pela qual o ator e apresentador Rambod Javan recebeu 130 mil curtidas no Instagram. Na legenda, uma dose de ironia: ?Um grande parabéns para as nossas autoridades pela escolha do design. Nossos atletas se esforçam, alcançam a glória mas são enviados à Olimpíada desse jeito?.
Em comunicado, Armin rebateu que a intenção era representar ?as cores da paz e da amizade?. Não foram os sentimentos que recebeu de volta. ?É uma desgraça! São tão feios que eu nem queria colocar a foto nesta página?, escreveu na rede o ator Reza Kianian.