Esportes

Família de Felício corre contra o tempo em busca de ingressos

Uma convocação às pressas gera problemas, a maior delas a busca pelo entrosamento com os companheiros. Foi o que aconteceu com o pivô Cristiano Felício, chamado à seleção de basquete em 27 de julho, após o corte de Anderson Varejão. A três dias de sua estreia olímpica, o sonho de sua família transformou-se num desafio por ingressos, especialmente para o avô, seu Osvaldo, de 72 anos, que jamais saiu de Minas Gerais e nunca viu o neto atuar.

? Quando saiu a notícia, a família começou a se mobilizar. Tudo é de ultima hora ? conta a mãe, Maria Lúcia Felício, que teve 47 dias a menos para preparar-se para do que as outras mães do time. ? Meu pai sempre teve vontade de conhecer o Rio, e minha mãe nunca saiu de Pouso Alegre. Eles se animaram, e estamos correndo atrás.

No sábado, véspera da estreia contra a Lituânia, 21 familiares e amigos, entre eles cinco irmãos do pivô dos Chicago Bulls, deixarão Pouso Alegre (MG) e pegarão seis horas de estrada. O retorno será no dia seguinte, só após o jogo. Embora a hospedagem esteja garantida, apenas nove entradas estão na mão.

? Estamos olhando sempre o site, mas até agora nada. É uma grande tristeza e inquietação. Eu consegui comprar, mas meus pais estão sem. Caso não consigam, eu vou ceder os meus ? diz Maria Lúcia. ? Meu pai, que é padeiro e também trabalha num supermercado, tem o maior orgulho do neto. Ele fica fazendo propaganda. Para ele, vai ser algo fantástico. A próxima Olimpíada é no Japão, não tem como pensar em próxima vez.

Depois de recusar a convocação para lutar por espaço nos Bulls, onde não tinha contrato garantido, Felício, de 24 anos e 2,10m, foi chamado para substituir Anderson Varejão, cortado por lesão. Na última terça, em Mogi das Cruzes (SP), ele foi titular e marcou 10 pontos na vitória brasileira no amistoso contra a China por 83 a 69.

? Ele é focado no que faz. Quando entra, é para valer ? garante a orgulhosa mãe, que diz ter dificuldade de reconhecer os sentimentos do filho nas conversas à distância. ? O Cristiano é guerreiro e batalhador. Sempre teve certeza do que queria. Ele não fica sonhando com a cabeça voando, tem os pés no chão. Estar onde chegou já é uma vitória muito grande, mas ele quer mais.