Foz do Iguaçu Em dezembro passado, 14 dos 15 vereadores de Foz do Iguaçu tiveram que dar explicações à Justiça sobre atos de corrupção. O único a escapar dessa devassa foi o jornalista Nilton Bobato, ex-jornal O Paraná. Cinco dos 14 se reelegeram e tiveram de ser levados à Câmara pela polícia para tomar posse e, em seguida, levados de volta à prisão.
Já em janeiro, o Ministério Público Federal denunciou nada menos que 98 pessoas por suposto envolvimento no esquema desvendado pela Operação Pecúlio e que culminou, conforme as investigações, com um desvio de pelo menos R$ 30 milhões dos cofres públicos. Nenhum representante da imprensa figura nesse grupo, que, segundo o próprio MPF, era encabeçado pelo ex-prefeito Reni Pereira.
Mesmo assim, o presidente interino da Câmara, vereador Rogério Quadros, ousou atribuir aos órgãos de comunicação, à OAB e entidades da sociedade civil a responsabilidade pelo maior escândalo de corrupção da história da cidade das Cataratas, o que provocou reação imediata da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).
TIRANIA
A ABI entende que ao expor essa notícia, a imprensa cumpriu seu dever constitucional de informar a população, posicionou-se a ABI em nota oficial na qual classificou o ataque de Quadros como pronunciamento infamante. No mundo moderno e em pleno Estado Democrático de Direito, a verdade não merece castigo. A sociedade brasileira não pode permitir que o presidente interino da Câmara de Foz do Iguaçu comporte-se como os reis e tiranos da antiguidade clássica que puniam sempre com a morte os mensageiros portadores de notícias ruins, conclui a nota da ABI, assinada pelo presidente Domingos Meirelles.