RIO – A subsecretaria de Vigilância e Fiscalização Sanitária do município do Rio vai se reunir no fim da tarde desta sexta-feira para definir ações de fiscalização em supermercados, açougues e fornecedores de carne. A necessidade de uma força-tarefa que deverá ser montada, veio após uma grande operação da Polícia Federal, chamada Carne Fraca, que investiga 40 empresas do setor, que estariam adulterando e vendendo carne estragada dentro e fora do Brasil. Entre elas estão as gigantes JBS e BRF.
O delegado Maurício Moscardi Grillo, da Polícia Federal (PF) de Curitiba, informou que, nas investigações da operação Carne Fraca, deflagrada hoje, foram identificadas irregularidades sanitárias das mais variadas em todas as 40 empresas envolvidas no esquema de corrupção, como misturas de carne com papelão e venda de produtos sem proteínas de carne, apenas de soja, como num lote para a merenda de escolas do Paraná.
Um dos casos mais graves descritos por Moscardi envolve sete contêineres da BRF Foods com carnes contaminadas com salmonela, que estavam sendo transportadas para a Europa, mas acabaram barradas nos países. A salmonela é uma bactéria que pode causar grave infecções no corpo humano. Segundo o delegado, a empresa estava tentando explorar uma nova rota de entrada no continente por Roterdã para fugir da fiscalização. A destinação final dos produtos exportados era principalmente Espanha e Itália.
DE CARNE ESTRAGADA A PRODUTOS CANCERÍGENOS
De carne estragada a uso de produtos cancerígenos em doses altas, passando por reembalagem de produtos vencidos, carne contaminada por bactérias, misturada com papelão e venda de carne imprópria para consumo humano. A lista de irregularidades encontradas nas denúncias da operação ?Carne Fraca?, da Polícia Federal?, é de assustar.
Carne estragada era usada para produzir salsichas e linguiças e promovia-se ?maquiagem? de carnes estragadas com ácido ascórbico, substância usada para disfarçar a qualidade do produto e que em altas doses pode provocar câncer. Outra fraude encontrada foi a produção de derivados com uma quantidade de carne muito menor que a necessária, o que exigia a complementação com outros itens. Foram encontradas também carnes sem rotulagem e sem refrigeração. A adulteração chegava até à merenda escolar. Em um dos casos, foi constatada a venda de produtos sem proteínas de carne, apenas de soja, para a merenda de escolas do Paraná.
Em alguns casos, como do frigorífico Peccin, a operação da PF denuncia ?armazenamento em temperaturas absolutamente inadequadas, aproveitamento de partes do corpo de animais proibidas pela legislação, utilização de produtos químicos cancerígenos, produção de derivados com o uso de carnes contaminadas por bactérias e,até, putrefatas?. Há diálogos que mostram uso de carne de cabeça de porco para a produção de linguiças.