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Lavillenie, um campeão entre a vara e a Eurocopa

58258790_France%27s Renaud Lavillenie clears a bar during the pole vault event at the Golden Spike ath.jpgOSLO – Fã de futebol, o francês Renaud Lavillenie tenta equilibrar sua agenda entre assistir aos jogos de seu país na Eurocopa com a preparação para defender o título do salto com vara nos Jogos Olímpicos do Rio. Para isso, ele se desdobrará nos próximos dias. Hoje, compete sua terceira etapa da Liga Diamante, em Oslo. Logo em seguida, viaja para Paris, onde acompanha no Stade de France a estreia de sua seleção no torneio contra a Romênia. E volta para terras escandinavas para disputar a quarta etapa da Liga, na próxima quinta-feira, em Estocolmo, na Suécia.

– Estou ansioso pela Eurocopa. Não vou dizer que a França vai ganhar o torneio ou tem grandes chances. Mas temos boas lembranças de quando fomos o país-sede – disse Renaud, referindo-se à Copa de 1998, na única vez que a França foi campeão do mundo, e afirmando algo que para os brasileiros pode soar um tanto estranho vindo de alguém que se diz fã de futebol. – Não tenho um time. Mas tenho uma simpatia pelo Paris Saint-Germain. Vejo alguns jogos. E eles têm ido bem nos últimos anos. Atletismo Liga Diamante

Bastante atencioso e de fala pausada e tranquila com os fãs e jornalistas, Renaud já definiu sua programação para os Jogos do Rio. Ele chega no país dez dias antes da Cerimônia de Abertura, marcada para o dia 5 de agosto, e fica treinando em São Paulo. E viajará ao Rio apenas dois ou três dias antes do início das competições de atletismo, que acontecerão a partir de 12 agosto.

– Após a minha competição, eu ficarei mais uma semana no Brasil. Será minha primeira vez no país e não tem algum lugar ou algo que eu queira ir ou fazer. A única coisa que eu gostaria, se for possível, é conhecer o Maracanã. De preferência, assistindo a algum jogo – conta Renaud.

Renaud é a principal esperança francesa de medalhas no atletismo da Rio-2016. No ano passado, ele fez um temporada regular saltando sempre acima dos 5,80m e, até mesmo, dos 6m. Para o megaevento, ele acredita que saltar acima dos 5,90m lhe dará boas chances de conquistar o bicampeonato olímpico. Com 5,90m, no ano passado, o canadense Shawnacy Barber, que também compete em Oslo, garantiu a medalha de ouro no Mundial de Pequim. Na ocasião, o francês foi medalhista de bronze, com 5,80m, empatado com os poloneses Piotr Lisek e Pawel Wojciechowski.

Este ano, Renaud e Barber já se enfrentaram duas vezes pela Liga. Em ambos, o francês levou a melhor. O primeiro encontro foi em Xangai, no último dia 14, quando ele ficou em segundo lugar saltando 5,83m contra 5,70m do canadense, terceiro colocado. Na ocasião, a vitória ficou com o americano Sam Kendricks (5,88m). Em Eugene, nos Estados Unidos, no último dia 28, esses três nomes voltaram a repetir o pódio, mas com nova formação. Renaud e Barber saltaram até 5,81m, mas o francês levou a melhor por ter errado menos tentativas. E o americano, que não compete em Oslo, ficou em terceiro com 5,71m.

Para a Rio-2016, Renaud pensa apenas em conquistar o bicampeonato olímpico. Durante a etapa da Liga em Xangai, ele disse que quebrar o recorde mundial não passa pela sua cabeça. Na verdade, ela já o fizera em 2014, quando saltou 6,16m, em pista coberta. Até então, a melhor marca era a do ucraniano Sergey Bubka, com 6,15m, anotados em 1993. Até hoje, em pista aberta, ninguém conseguiu saltar mais alto que os 6,14m alcançados por Bubka, em 1994.

Apesar de não ser tão importante para história do esporte quanto foi Bubka (que com seus 1,83m de altura quebrou 35 recordes mundiais), Renaud, de 1,76m, quebrou paradigmas e deu um novo estilo à modalidade. Na última semana, ao ser perguntada sobre a grande capacidade de se destacar na modalidade da cubana baixinha Yarisley Silva, de 1,61m, atual campeã mundial, Fabiana Murer disse que Renaud foi o grande responsável por esse novo jeito de pensar na técnica do esporte já que os mais baixos tendem a ter mais explosão na corrida e facilidade para virar o corpo no ar.

– Anos atrás existia uma ideia de que para fazer o salto com vara o atleta precisava ser muito grande e alto. Mas eu mostrei para o mundo que mesmo sendo pequeno eu poderia saltar alto se eu tivesse uma corrida forte e uma boa técnica. E isso é excelente, pois consegui abrir muitas portas para as novas gerações – disse Renaud.

* O repórter viaja a convite da IAAF