A Filadélfia, no estado americano da Pensilvânia, se tornou na quinta-feira a primeira grande cidade do país a aprovar a tributação de bebidas açucaradas, apesar da oposição da indústria multimilionária de refrigerantes.
O imposto, de cerca de 50 centavos de dólar por litro, será aplicado a bebidas açucaradas, incluindo as que contém adoçantes artificiais. A medida abrange não só refrigerantes, mas também bebidas esportivas, águas aromatizadas, bebidas energéticas e cafés e chás adoçados, afirmou o gabinete do prefeito.
As únicas exceções são as bebidas compostas de no mínimo 50% de leite, frutas frescas ou vegetais frescos.
Berkeley, na Califórnia, com uma população de cerca de 120 mil habitantes, é a única outra cidade dos Estados Unidos a taxar os refrigerantes.
O conselho da cidade da Filadélfia aprovou o imposto por 13 votos contra quatro na quinta-feira, depois de meses de deliberação. A medida deve entrar em vigor em janeiro.
Os defensores dizem que a medida irá melhorar a saúde das 1,5 milhão de pessoas que vivem na Filadélfia, a quinta maior cidade americana.
Mais de 68% dos adultos e 41% das crianças da cidade estão acima do peso ou são obesos.
Os críticos da medida acreditam que o aumento do preço será catastrófico para os pequenos empresários, uma vez que os clientes podem começar a comprar os produtos fora da cidade.
Dezenas de tentativas anteriores de aprovar leis semelhantes em outras cidades dos Estados Unidos falharam. Na Filadélfia, esta foi a terceira tentativa de aprovar o imposto, após os membros do conselho da cidade terem cedido duas vezes à pressão da indústria de bebidas.
O prefeito democrata Jim Kenney procurou conseguir apoio para a proposta argumentando que o imposto iria levantar 91 milhões de dólares por ano para ajudar a financiar a educação infantil na cidade.
Houve um debate acalorado antes do conselho votar a favor da medida. Várias pessoas reclamaram dos encargos financeiros que surgiriam para as famílias mais pobres em uma cidade onde 26,7% da população vive abaixo da linha da pobreza.
O imposto vai “criar o pior mercado negro de bebidas não-alcoólicas desde a proibição” nas décadas de 1920 e 1930, disse Chris Hunter, um empregado da Coca-Cola, ao canal local de televisão ABC.