PARIS – A situação do fornecimento de combustível na França está melhorando, mas a crise energética causada por greves sindicais contra a reforma trabalhista em andamento no Parlamento não está totalmente acabada, afirmou o ministro do Transporte do país, Alain Vidalies, neste sábado.
frança_2805? Em algumas regiões, a situação está quase de volta ao normal ? declarou a autoridade após reunião com o primeiro-ministro Manuel Valls. ? Em outras, nós continuamos atentos, mas não podemos dizer que a crise acabou.
Vidalies disse ainda que as intervenções do governo para liberar o acesso a depósitos de combustíveis poderiam continuar caso necessário.
A semana no país foi marcada por paralisações em portos, refinarias, centrais nucleares e depósitos de combustível, convocadas por sindicatos que pressionam por negociações com o governo francês para obter a retirada do projeto de lei que flexibiliza as leis de trabalho.
?Minha porta continua aberta, continuo disposto a discutir. Mas quando um texto já foi debatido, levantou compromissos com as partes sociais, foi adotado na Assembleia Nacional (Câmara baixa do Parlamento), considero que é minha responsabilidade ir até o final?, declarou Valls ao jornal ?Aujourd?hui en France? este sábado.
Há quase três meses, o projeto divide a maioria socialista no poder, enquanto seus opositores tentam paralisar o país para forçar a retirada. Segundo o governo, a lei vai dar mais flexibilidade às empresas para combater o desemprego, hoje em torno de 10%. Já os seus detratores consideram que aumentará a insegurança no trabalho e criticam nomeadamente o artigo 2 do projeto, que dá primazia aos acordos particulares sobre as negociações de sindicatos profissionais.
Na sexta-feira, em viagem ao encontro do G7 no Japão, o presidente da França, François Hollande, afirmou que se manterá firme por acreditar que é uma boa reforma.
?Retirar o projeto de lei seria uma coisa ruim para os empregados?, sustentou Valls.
O premier se reúne este sábado com grupos petroleiros e do setor de transporte, os segmentos mais afetados pelos bloqueios organizados pelos opositores. O objetivo da reunião é analisar o nível de abastecimento de combustíveis no país, perturbado nos últimos dias após as greves em seis das oito refinarias francesas.
As forças de ordem governamentais desbloquearam na sexta-feira 15 depósitos de petróleo (entre os 100 que há no país), mas 20% das estações de serviço seguiam com dificuldades de fornecimento, segundo o governo.
?DETERMINAÇÃO?
?Continuaremos evacuando com determinação?, defendeu o primeiro-ministro, frente às preocuparações do setor hoteleiro e turístico que indicaram ?cancelamentos importantes? em Paris e no Oeste do país.
Na sexta-feira, o líder do sindicato CGT, Philippe Martinez, afirmou que há a possibilidade das greves serem suspensas na segunda-feira, se Hollande recuar com a reforma diante da pressão popular.
? A bola está no campo do governo ? afirmou o sindicalista em entrevista à Reuters. ? Não queremos que isso se arraste. Pode acabar até mesmo segunda-feira.
Ele disse que os sindicatos estão preparados a retomar negociações com o governo, somente se o presidente retornasse da viagem ao Japão e escutasse a mensagem do povo. No entanto, sustentou que o CGT tem ações planejadas para as próximas semanas se as autoridades não agirem.